terça-feira, 20 de novembro de 2012

A falsa verdade - Martyn Lloyd Jones


A falsa verdade - Martyn Lloyd-Jones (1899-1981)



Temos vivido dias enganosos. Muitos têm sido enganados por falsificações, por fatos que aparentemente são reais, a tal ponto que, por eles, vão às ultimas conseqüências. Mas não são verdadeiros, são falsos, e esta é uma característica do diabo, de satanás, o pai da mentira, o pai da falsificação. E neste contexto as seitas são exatamente o que aparenta ser verdadeiro e por isso têm enganado a tantos. Como diagnosticar estas seitas?

Primeiro, seria bom dizer que o surgimento de seitas no meio dos evangélicos é demonstração de que a igreja não está bem. Muitos estão com problemas graves e têm procurado a igreja, mas não têm visto solução para si mesmos; creio que aqui deva ser colocado o tradicionalismo evangélico, a ortodoxia (que, diga-se de passagem, é necessária) morta, a superficialidade cristã, a falta de conversão verdadeira, o comodismo, tudo isso tem feito as pessoas buscarem outro aconchego.

No entanto é fato real que a grande maioria das pessoas está em busca de solução para os seus problemas, uma vida melhor, vida de paz, sem problemas, sem doença, mas são avessas às exortações, às recomendações de santificação; estão buscando pão como nos dias de Jesus. "Vós me procurais não porque vistes sinais, mas porque comeste dos pães e vos fartastes" (Jo.6:26). Aqui é que entra a seita, pois ela oferece ao povo exatamente aquilo que ele necessita (quer). E se você repreende alguém, recebe esta advertência: "Veja o bem que estou recebendo! Se me faz bem, deve ser de Deus!" Ou seja, se traz sucesso, solução, fez-me mudar de vida e traz felicidade, deve ser de Deus.

É exatamente aí que satanás arma sua cilada e já tem dominado muitas vidas. Lembrem-se que muitas organizações que ridicularizam o cristianismo podem ajudar as pessoas e fazê-las felizes. Lembro aqui os psiquiatras e psicólogos ateus. Eles podem trazer resultados muito bons, sem nada de orientação cristã. O próprio espiritismo tem trazido solução para muitas vidas; a yoga, o pensamento positivo e outros. Se você acha que tudo o que traz o bem pessoal é de Deus, saiba que já está caído diante do diabo.

Como saber então se é de Deus? Como diagnosticar o problema?

Seria bom inicialmente afirmar que o que importa ao homem não é o que ele sente, mas o seu relacionamento com Deus. Qualquer orientação que me faça ficar satisfeito, quando a minha relação com Deus está ruim, isto é do diabo. Era esta a situação dos fariseus.
Mas há outros testes práticos que gostaria de colocar.

O modo como vem a "bênção". Eles ensinam que se você obedecer a uma fórmula, pré-estabelecida, a bênção virá, a felicidade, a paz, a cura. E sempre é uma fórmula alheia às Santas Escrituras. Geralmente a idéia de uma visão que alguém teve, e daí é elaborado o sistema. Elas podem até citar as Escrituras, mas ao acaso, texto fora do contexto, e isso é transformado em pretexto. Compare isso com as grandes confissões de fé e credos do cristianismo. São todos sinopses da Palavra de Deus. Ali é enfatizada a grandeza e extensão da Bíblia. Como é diferente das seitas que apresentam apenas uma fórmula, uma fórmula mágica. ( Na igreja: ir a igreja, ou ler a Bíblia, ou orar).

Testemunho Pessoal. Outro aspecto que é característico de uma seita é o testemunho pessoal. O que os sectários destas seitas falam é sobre sua vida, o que era e o que são agora. Que eram assim até entrarem para esta "igreja", o seu problema está resolvido. Não ensinam as doutrinas fundamentais do cristianismo. Enfatizam apenas uma fórmula. Vejam que eles, ao enfatizarem seus testemunhos, começam com eles e terminam com eles, e não com Jesus como Senhor, apesar de citá-lO.

Apenas o prático. Eles enfatizam apenas o que é prático. Negligenciam a doutrina. Dizem: "Vocês precisam é de algo prático". Na verdade, porém, o que estão querendo dizer é que não é importante a doutrina. Mas não era assim que Paulo fazia na epístola aos Efésios; ele escreve os três primeiros capítulos nos quais a doutrina não é prática, é pura doutrina. E só depois do capítulo quatro ;e que a torna prática. Ou seja, primeiro o fundamento doutrinário, depois a prática. A ordem inversa é de grande perigo. É o que acontece com essas seitas.Quero aqui realçar o perigo dentro das nossas igrejas. Hoje há uma tendência em se desvalorizar a doutrina. Teologia, doutrina, tudo soa muito intelectual, sofisticado (creio até que em algumas circunstâncias é verdade) e por isso é negligenciado. Há risco de seitas no nosso meio.

Você é que pode fazer. Apesar de falar no Espírito Santo, não se acha que Ele é que vai realizar em nós o que Deus quer. Eles sempre afirmam que é você que pode fazer. Esquecem que é Deus que opera em nós tanto o querer como o efetuar. Daí surgir a jactância, o orgulho, a satisfação própria. Há muita arrogância, pois são eles que conseguem realizar. A mudança foi devido a uma atitude tomada, uma conseqüência do seu esforço próprio. "Eu era assim, mas agora consegui isto..." Não estão entregues à vontade de Deus, mas seus interesses é que prevalecem. Este perigo também está em nossas igrejas e os que agem assim estão esquecidos do que disse Paulo: "operai a vossa salvação com temor e tremor"(Fl.2:12) - Mas eles dizem "não há nada o que temer". Deus nos livre deste pecado da arrogância. É Deus que opera em nós a mudança. O mérito é dEle!

Fórmula Simples. Uma outra característica é que "a fórmula é muito simples". Eles chegam a dizer que é um desperdício estudar tanto as epístolas, quando eles têm uma fórmula tão simples. As seitas têm todas as características dos remédios dos charlatães e toda a sua propaganda. "Eis aí o remédio que cura todos os males". O pior é que não afirmam apenas que podem resolver todos os problemas, mas que podem resolver com facilidade. Mas não é isto que ensina o apóstolo Paulo quando diz: "em tudo somos atribulados, mas não angustiados, perplexos, mas não desanimados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos..." Podemos ser vitoriosos, é verdade, mas não é fácil. Por isso ele disse também: "Nossa luta não é contra a carne e o sangue..." Temos de lutar contra poderes terríveis. Essa idéia de "fácil" é falsa à luz do Novo Testamento.

Cura e Benção imediatamente. Nesta linha de pensamento, outra característica semelhante das seitas é que elas oferecem a CURA, a BÊNÇÃO, "imediatamente". Já notou isso? É o método do "atalho", e por isso conseguem tantos adeptos. Mas o que nos ensina o Novo Testamento é que estamos num mundo difícil, pecaminoso, dominado pelo diabo e seus anjos. Por isso precisamos de toda a armadura de Deus. Precisamos ser fortalecidos "com poder pelo Seu Espírito no homem interior" (Ef.3:16). O homem moderno afirma: "Eu pensava que o cristianismo resolveria todos os meus problemas e endireitaria tudo imediatamente, mas agora me dizem que devo lutar, vigiar, orar, jejuar, suar... Não quero nada disso! Quero algo que solucione rápido o meu problema". As seitas respondem: "Certo, naturalmente". Observem que as seitas não ensinam crescimento na graça e conhecimento de Cristo; não falam em "operai a vossa salvação com tremor e temor"(2Pe.3:18).Qualquer coisa que ofereça "atalhos" espirituais não é cristianismo da Bíblia. Mas as seitas perguntam: "O que você está precisando? Qual o seu problema?" E responde: "Venha. Nós podemos ajudá-lo". E oferecem o remédio barato, fácil e rápido. Saúde, cura física, a bênção que soluciona todos os seus problemas.Mas o método do Evangelho é muito diferente. A primeira coisa do Evangelho é o CONHECIMENTO DE DEUS. Está é a grande mensagem da Bíblia. Por que Cristo veio ao mundo? "Para conduzir-nos a Deus", responde o apóstolo Pedro (1Pe.3:18). O Evangelho não começa com as minhas dores e penas, minhas necessidades de orientação ou minha aflição. Começa por conhecer a Deus. Este é o objetivo do Cristianismo. "A vida eterna é esta" - Qual? Que eu não me aflija mais, ou que fique livre daquilo que me deprime? Não! - "que te conheçam a ti só, por único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo a quem enviaste"(Jo.17:3). Se eu estiver correto com este pensamento, as outras coisas estarão resolvidas. O objetivo do Cristianismo é levar-nos ao conhecimento de Deus e do Senhor Jesus Cristo.

Sem ênfase na santidade. As seitas não mencionam isto e também não falam de santidade. Podem até proibir muitas coisas nocivas, e dessa forma fabricar fariseus satisfeitos consigo mesmos. Mas a santidade não é algo negativo, e sim positivo - "Sede santos, pois Eu Sou Santo" diz o Senhor. Não é apenas vitória sobre pecados particulares, mas é de fato ser santo. Eles não enfatizam isso.

Ênfase no agora. Outra coisa que as seitas não falam é sobre a "esperança da glória". O Novo Testamento nos fala da glória vindoura. Mas as seitas se propõem a ajudar as pessoas enquanto elas estiverem neste mundo, sem enfocar o futuro. "VOCÊ", você é que está no centro, eles estão enfatizando a experiência e não falam da glória do céu, nem do "NOVO CÉU E NOVA TERRA, ONDE HABITA A JUSTIÇA".(2Pe.3:13).

Enfim, as seitas ficam apenas num estreito círculo no qual o homem está girando, girando e repetindo constantemente a mesma coisa. A "bênção" oferecida pelas seitas é bem diferente do que o Evangelho oferece.

Abomino as seitas. Elas não passam no teste que é a Pessoa de Cristo. Todo movimento ou ensino que não faça do Senhor Jesus Cristo e Sua morte na cruz e Sua gloriosa ressurreição, uma necessidade absolutamente central, não é cristã e sim manifestação das "astutas ciladas do diabo". Ou seja, qualquer ensino ou movimento que diga que você pode Ter esta ou aquela benção sem primeiro crer no Senhor Jesus Cristo como o Filho de Deus, como Salvador de sua alma e Senhor de sua vida, e que sem Ele você não é nada, é uma negação das Escrituras, do cristianismo. Se o ensino ou movimento inclui maometano, budista, judeu e lhe oferece a bênção sem que eles reconheçam e confessem que Cristo, e somente Cristo, é o Filho de Deus e que Ele, somente Ele, pode salvar o pecador, porque ele morreu pelos nossos pecados, NÃO É CRISTÃO! Essa bênção fora do evangelho é negação do cristianismo e devemos rejeitá-la. Não há acesso a Deus, não há conhecimento de Deus como Salvador e Libertador, exceto por meio de Cristo. As seitas são um insulto a Deus, a Jesus Cristo, não têm direito de existir. Se você acha que Jesus não é suficiente, e que deve ir após as seitas em busca de ajuda e "bênção"(cura, prosperidade...), você O está negando; você O está insultando. São as astutas ciladas do diabo.

A fé que sustentou, fortaleceu e abençoou os santos no transcurso dos séculos, e que tem resistido a todos os testes que se podem conceber, é suficiente. Você não tem necessidade de seguir alguma ideia nova, moderna, que só passou a existir no século passado, ou neste. VOLTE PARA A VELHA HISTÓRIA, sempre nova e verdadeira. Volte para a fonte e origem de todas as bênçãos; volte para o Deus eterno e Seu Filho, nosso glorioso Salvador, o Senhor Jesus Cristo. E o Espírito entrará em seu ser, e todas as suas necessidades serão supridas.

Frases tocantes sobre oração.


Frases tocantes sobre Oração





















sábado, 10 de novembro de 2012

Biografia de Cora Coralina


Biografia de Cora Coralina
Filha de Francisco de Paula Lins dos Guimarães Peixoto, desembargador nomeado por D. Pedro II, e de Jacinta Luísa do Couto Brandão, Ana nasceu e foi criada às margens do rio Vermelho, em casa comprada por sua família no século XIX, quando seu avô ainda era uma criança. Estima-se que essa casa foi construída em meados do século XVIII, tendo sido uma das primeiras edificações da antiga Vila Boa de Goiá.

Começou a escrever os seus primeiros textos aos quatorze anos de idade, publicando-os nos jornais locais apesar da pouca escolaridade, uma vez que cursou somente as primeiras quatro séries, com Mestra Silvina. Publicou nessa fase o seu primeiro conto, Tragédia na Roça.

Casou-se em 1910 com o advogado Cantídio Tolentino Bretas, com quem se mudou, no ano seguinte, para o interior de São Paulo. Viveria no estado de São Paulo por quarenta e cinco anos, inicialmente nas cidades de Avaré e Jaboticabal, e depois na cidade de São Paulo, para onde se mudaria em 1924. Ao chegar à capital, teve que permanecer algumas semanas trancada num hotel em frente à Estação da Luz, uma vez que os revolucionários de 1924 haviam parado a cidade. Em 1930, presenciou a chegada de Getúlio Vargas à esquina da rua Direita com a praça do Patriarca. Um de seus filhos participou da Revolução Constitucionalista de 1932.

Com a morte do marido, passou a vender livros. Posteriormente mudou-se para Penápolis, no interior do estado, onde passou a produzir e vender lingüiça caseira e banha de porco. Mudou-se em seguida para Andradina, até que, em 1956, retornou para Goiás.

Ao completar cinquenta anos de idade, a poetisa relata ter passado por uma profunda transformação interior, a qual definiria mais tarde como "a perda do medo". Nesta fase, deixou de atender pelo nome de batismo e assumiu o pseudônimo que escolhera para si muitos anos atrás.

Durante esses anos, Cora não deixou de escrever poemas relacionados com a sua história pessoal, com a cidade em que nascera e com ambiente em que fora criada. Ela chegou ainda a gravar um LP declamando algumas de suas poesias. Lançado pela gravadora Paulinas Comep, o disco ainda pode ser encontrado hoje em formato CD.

Cora Coralina morreu em Goiânia. A sua casa na Cidade de Goiás foi transformada num museu em homenagem à sua história de vida e produção literária.
Primeiros Passos Literários
Os elementos folclóricos que faziam parte do cotidiano de Ana serviram de inspiração para que aquela frágil mulher se tornasse a dona de uma voz inigualável e sua poesia atingisse um nível de qualidade literária jamais alcançado até aí por nenhum outro poeta do Centro-Oeste brasileiro.
Senhora de poderosas palavras, Ana escrevia com simplicidade e seu desconhecimento acerca das regras da gramática contribuiu para que sua produção artística priorizasse a mensagem ao invés da forma. Preocupada em entender o mundo no qual estava inserida, e ainda compreender o real papel que deveria representar, Ana parte em busca de respostas no seu cotidiano, vivendo cada minuto na complexa atmosfera da Cidade de Goiás, que permitiu a ela a descoberta de como a simplicidade pode ser o melhor caminho para atingir a mais alta riqueza de espírito.

Obras

  • Estórias da casa velha da ponte
  • Poemas dos Becos de Goiás e estórias mais
  • Meninos verdes (Infantil)Meu livro de cordel
  • O tesouro da casa velha
  • A moeda de ouro que o pato engoliu (Infantil)
  • Vintém de cobre
Divulgação Nacional

Foi ao ter sua poesia conhecida por Carlos Drummond de Andrade que Ana, já conhecida como Cora Coralina, passou a ser admirada por todo o Brasil.

Seu primeiro livro, Poemas dos Becos de Goiás, foi publicado pela Editora José Olympio em 1965, quando a poetisa já contabilizava 75 anos. Reúne os poemas que consagraram o estilo da autora e a transformaram em uma das maiores poetisas de Língua Portuguesa do século XX.

Onze anos mais tarde, em 1976, compôs Meu Livro de Cordel. Finalmente, em 1983 lançou Vintém de Cobre - Meias Confissões de Aninha (Ed. Global).

Cora Coralina foi eleita intelectual do ano e contemplada com o Prêmio Juca Pato da União Brasileira dos Escritores em 1983. Dois anos mais tarde, veio a falecer.
Fonte: Wikipédia

Biografia de Vygotsky


Vygotsky  ( 1896-1934)

Lev S. Vygotsky , professor e pesquisador foi contemporâneo de Piaget, e nasceu e viveu na Rússia, quando morreu, de tuberculose, tinha 34 anos. Professor dedicou-se nos campos da pedagogia e psicologia. Deu várias palestras em escolas, e faculdades sobre pedagogia, psicologia e literatura. Partidário da revolução russa sempre acreditou em uma sociedade mais justa sem conflito social e exploração. Construiu sua teoria tendo por base o desenvolvimento do indivíduo como resultado de um processo sócio-histórico, enfatizando o papel da linguagem e da aprendizagem nesse desenvolvimento, sendo essa teoria considerada histórico-social.
Vygotsky considera o papel da instrução um fator positivo, no qual a criança aprende conceitos socialmente adquiridos de experiências passadas e passarão a trabalhar com essas situações de forma consciente.Se uma transformação social pode alterar o funcionamento cognitivo e pode reduzir o preconceito e conflitos sociais, então esses processos psicológicos são de natureza social. Devem ser analisados e trabalhados através de fatores sociais.
A redução de reações biológicas é uma condição prévia para o aparecimento de fenômenos psicológicos. Vygotsky e Luria (1930/1993) explicou isto na área da percepção: ' A criança no início de sua vida tem apenas sensações orgânicas - tensão - dor - calor , principalmente nas áreas mais sensíveis. Quando a criança deixa de sofrer influência desses processos biológicos, passa a perceber a realidade. A percepção da realidade requer processos biológicos como determinantes de experiência, permitindo que seu organismo passe a ser afetado por fatores externos. Evidentemente só a realidade dos fatores externos não determinam completamente essa percepção. A informação de que esses processos biológicos tornam-se disponível no organismo é organizado pela própria criança através de experiência social e cultural. A criança passa a ver o mundo com sua própria visão, administrando sob seu ponto de vista.
Um conceito só é caracterizado quando as características resumidas são sintetizadas de forma que a resultante se torne um instrumento de pensamento. A criança progride na formação de conceitos após dominar o abstrato e combinar com pensamentos mais complexos e avançados. Na continuação da educação os conceitos tornam-se concretos, aplicam-se as habilidades aprendidas, por instruções, e as adquiridas em experiências da convivência social.
A metodologia de ferramenta-e-resultado de Vygotsky e psicologia Capítulo 3 de Fred Newman e o livro de Lois Holzman *Lev Vygotsky: Cientista revolucionário *. Eles oferecem um contraste importante entre pragmatismo e a prática de Marx e Vygotsky. Eles recorrem a isto como uma ferramenta e metodologia de resultado nas quais a ferramenta não é uma condição prévia para praticar. ParaVygotsky, método é algo para ser praticado e não aplicado como o fim justificando os meios, nem uma ferramenta para alcançar resultados. Método é simultaneamente condição prévia e produto. Na verdade fica difícil distinguir o que é ferramenta para resultado e ferramenta e resultado como quer Vygotsky.
Piaget e Vigotsky
James Wertsch e Mike Cole dão uma comparação de Vygotsky e as teorias de Piaget no desenvolvimento da criança. Eles discutem que a divisão do social e o indivíduo não se perde porqueVygotsky e Piaget avaliaram as forças individuais e sociais em desenvolvimento. Ambos relacionam social-individual, mas é Vygotsky que focaliza mais o social, dando ao social um papel específico no desenvolvimento.
De acordo com a história canônica, para Piaget, as crianças individuais constróem conhecimento através de suas próprias ações: entender é inventar. Para Vigotsky é a compreensão através do contraste social e origem. Entretanto Piaget nunca negou o papel da igualdade social na construção do conhecimento. É possível encontrar em Piaget afirmações em que a individualidade e o social são importantes.
Contraste entre os pontos de vista de Vygotsky e Freud.
A visão naturalista de Freud da mente contradiz com a visão socio-histórica de Vygotski. ParaVygotsky, cultura não regula processos naturais, simplesmente substitui os processos elementares e o conteúdo total dos fenômenos psicológicos. Processos culturais e produtos constituem processos mentais.
Vygotsky criticou Piaget
As críticas a Piaget não foram diferentes das dirigidas a Freud. Não é surpresa devido ao endosso de Piaget aos conceitos de Freud. Piaget afirmou que a mente é governada através de mecanismos biológicos. Ele também afirmou que processos cognitivos são originalmente egoístas e anti-social. Eles só são dirigidos a realidade e ao relacionamento social depois de 7 a 8 anos de idade.
Vygotsky colocou uma concepção bastante diferente da criança. Ele afirmou que mecanismos naturais governam o comportamento da crianças. Porém, antes de 2 anos de idade, a criança participa das relações sociais. Mecanismos biológicos operam durante curto espaço de tempo. Porém, eles são substituídos rapidamente através de influências sociais. Assim que infância termine, o indivíduo começa a participar de relações sociais. Relações sociais formam o contexto desenvolvente de crianças e constituem a natureza da criança. Vygotsky considerou a criança como um indivíduo social, Piaget considerou como anti-social. Para Vygotsky, relações sociais constituem a psicologia da criança desde o começo. Para Piaget, relações sociais são secundárias à natureza biológica da criança.

O trabalho de Vygotsky em " defectology " complementou a perspectiva política dele conduzindo à conclusão que fenômenos psicológicos como inteligência, raciocínio, idioma, memória, personalidade, percepção, loucura, e emoções descansam em " meios culturais.
Distúrbios biológicos que afetam a transmissão de informação interferem na percepção, entretanto a maioria das pessoas apresenta processos biológicos normais, e a experiência perceptiva é determinada por experiência social e produtos culturais. Como Vygotsky e Luria declararam: percepção, memória, emoções, e causas que são mediadas socialmente substituem sensações orgânicas e habilita para o contato com o mundo ( Vygotsky, 1998).
"Percepção, raciocínio, memória, emoções, necessidades, motivos, o uso da personalidade nos meios sociais (como conceitos lingüísticos), como os sistemas operacionais. São funções naturais determinadas por mecanismos biológicos. Como Luria (1978b) escreveu ".
Trabalhando com vítimas da guerra e da revolução russa, Vigotsky deparou-se com uma variedade de traumas somáticos e psicológicos. Trabalhando com esses pacientes verificou que poderiam ser tratados com artefatos. Braille e quirologia eram artefatos sociais que ajudaram a compensar os prejuízos físicos como a visão e audição. O apoio social torna-se um fator de encorajamento e orientação, compensando as deficiências físicas e psicológicas. Essas compensações permitem ao indivíduo desenvolver suas funções, lendo, comunicando, argumentando.
De acordo com Vygotsky, fenômenos psicológicos são sociais. Eles dependem de experiência social e tratamento, e eles absorvem os artefatos culturais. Experiência social inclui a maneira na qual as pessoas estimulam e dirigem a atenção da pessoa, comportamento padrão, (encorajar, desencorajar), controlar movimentos , e organizar as relações de espaço entre indivíduos. Em artefatos culturais encontram-se sinais, símbolos, condições lingüísticas, industrialização de objetos e instrumentos. Tratamento social e produtos socialmente produzidos geram e caracterizam fenômenos psicológicos.
Considerando um raciocínio matemático. Não há nada que determine um fenômeno neste caso, porque o organismo humano não está pré-programado para desenvolver essa função. Os seres humanos viveram milhares de anos sem a matemática. Não surgiu espontaneamente , naturalmente, pelo contrário. As necessidades da aplicação matemática foram surgindo a medida que emergia o comércio. Para suprir essas necessidades os humanos desenvolveram símbolos e sistemas, que passaram a manipular. Isso quer dizer que não faz sentido creditar uma habilidade natural em matemática, quando na verdade ela depende de processos naturais trabalhados em um cérebro normal que conclua as operações que são impostas pela necessidade.
 Fonte: http://www.pedagogas2na.hpg.ig.com.br/mestres/mestres.htm

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

CONSUMO E DEPENDÊNDIA DE DROGAS

" "Sobre o comportamento de consumir e depender de substancias"



Pornografia: Realidade, Perigos e Libertação



Apresentação
Este terceiro Caderno Bíblico publicado pela Primeira Igreja Presbiteriana do Recife trata da questão da pornografia. O consumo de material erótico tem se tornado cada vez mais freqüente entre os próprios evangélicos à medida que a pornografia se torna mais e mais disponível através da mídia e da Internet. Muito embora as estatísticas sugiram que a média de evangélicos viciados em pornografia é menor do que a média entre outros grupos, ainda assim permanece esta realidade perturbadora: muitos que se dizem filhos de Deus e nascidos de novo vêem, de forma regular, imagens contendo material que, de acordo com a Bíblia, é sexualmente imoral. Estas imagens expõem e promovem explicitamente o adultério, a prostituição, a fornicação, o homossexualismo e toda sorte de perversão sexual. Os grupos mais atingidos pela indústria pornográfica são os de adolescentes e jovens, muito embora existam muitos adultos envolvidos.
Este Caderno Bíblico vem a público numa tentativa de ajudar aqueles que, de maneiras diferentes, são atingidos pela pornografia: maridos que consomem material pornográfico, esposas que têm lutado contra a pornografia ao perceber o envolvimento do marido, pais que descobrem que os filhos são consumidores regulares e crentes que de alguma forma estão viciados em pornografia. Enfim, o alvo deste Caderno é ajudar os crentes a manterem a pureza sexual da mente, coração e corpo, que a Palavra de Deus determina.
O leitor notará que vários exemplos e estatísticas vêm do exterior, especialmente dos Estados Unidos. O motivo é a falta de dados estatísticos no Brasil que nos informem adequadamente sobre a realidade da indústria pornográfica brasileira. Muito embora encontremos bastante material sobre a pornografia infantil no Brasil, pouco se fala sobre o consumo de outros tipos de pornografia em nossa pátria. Assim sendo, em alguns casos tivemos que fazer projeções aproximadas da situação brasileira, tendo outros países como base estatística.
Os Cadernos anteriores trataram de temas polêmicos. O primeiro versou sobre a ordenação de mulheres como pastoras, presbíteras e diaconisas. O segundo abordou o tema bastante atual do fundamentalismo cristão. Neste terceiro Caderno procuramos enfocar uma questão mais prática, que toca na realidade de muitas famílias.
O presente Caderno é resultado do trabalho conjunto da equipe pastoral da Primeira Igreja Presbiteriana do Recife. Agradeço aos pastores Kennede Soares e Paulo Brasil, bem como ao seminarista Samuel Vitalino, pela ajuda na elaboração do conteúdo e ao pastor Robério Basílio pela revisão final. A irmã Linda Oliveira corrigiu o português. O presbítero Josimar Gonzaga deu a forma gráfica do Caderno. A todos nossa gratidão.

Rev. Augustus Nicodemus Lopes


O Que É Pornografia?
Alguém já disse que é mais fácil reconhecer a pornografia do que defini-la. De forma geral, podemos dizer que pornografia é a representação da nudez e do comportamento sexual humano com o objetivo de produzir excitamento sexual. Esta representação é feita através de imagens animadas (filmes, vídeos, computador), fotografias, desenhos, textos escritos ou falados. A pornografia explora o sexo, tratando os seres humanos como coisas e, em particular, as mulheres como objetos sexuais.
A palavra pornografia vem do grego e significa literalmente “escrever sobre prostituta”. Com o tempo, passou a referir-se a qualquer material, escrito ou gráfico, de conteúdo sexual. O termo é usado hoje de forma negativa. A indústria pornográfica que produz filmes, revistas, vídeos e sites na Internet, prefere usar outros termos, como “material adulto”. Esta manobra é um eufemismo que visa retirar deste sórdido comércio a pecha negativa que ele possui.
É importante, porém, fazer uma distinção entre erotismo e pornografia. Existe um erotismo saudável, que consiste na exploração da sexualidade dentro do casamento. O livro de Provérbios nos traz um exemplo disto:
“Bebe a água da tua própria cisterna e das correntes do teu poço. Derramar-se-iam por fora as tuas fontes, e, pelas praças, os ribeiros de águas? Sejam para ti somente e não para os estranhos contigo. Seja bendito o teu manancial, e alegra-te com a mulher da tua mocidade, corça de amores e gazela graciosa. Saciem-te os seus seios em todo o tempo; e embriaga-te sempre com as suas carícias. Por que, filho meu, andarias cego pela estranha e abraçarias o peito de outra?” (Pv 5.15-20)
Ou ainda, o livro de Cantares de Salomão:
“Beija-me com os beijos de tua boca; porque melhor é o teu amor do que o vinho” (Ct 1.2).
“Que belo é o teu amor, ó minha irmã, noiva minha! Quanto melhor é o teu amor do que o vinho, e o aroma dos teus ungüentos do que toda sorte de especiarias! Os teus lábios, noiva minha, destilam mel. Mel e leite se acham debaixo da tua língua, e a fragrância dos teus vestidos é como a do Líbano” (Ct 4.10-11).
“Os teus beijos são como o bom vinho, vinho que se escoa suavemente para o meu amado, deslizando entre seus lábios e dentes. Eu sou do meu amado, e ele tem saudades de mim. Vem, ó meu amado, saiamos ao campo, passemos as noites nas aldeias. Levantemo-nos cedo de manhã para ir às vinhas; vejamos se florescem as vides, se se abre a flor, se já brotam as romeiras; dar-te-ei ali o meu amor” (Ct 7.9-12).
Estas passagens mostram que o Senhor nos criou com sexualidade e que a mesma pode ser explorada e desfrutada dentro do ambiente do casamento. A pornografia é diferente, pois visa o excitamento sexual através da exibição de imagens explícitas de sexo, nudez e órgãos sexuais sem fazer qualquer distinção moral ou levar em conta adultério, prostituição, lesbianismo, além de formas pervertidas de relações sexuais.

Breve Histórico da Pornografia

A representação gráfica da nudez humana, bem como das relações sexuais, é algo bem antigo na história do homem. A arqueologia revelou que em muitas das paredes dos templos pagãos cananitas, que foram destruídos pelos israelitas quando conquistaram a terra por volta de 1.300 anos antes de Cristo (Lv 26.1; Nm 33.52), havia desenhos de órgãos sexuais masculinos e femininos. Essas são as formas mais antigas de pornografia que conhecemos. Os cananitas aparentemente representavam os órgãos genitais nas paredes para excitar os adoradores e estimulá-los à prática da prostituição sagrada. Os israelitas, em contraste, tinham uma atitude totalmente diferente quanto à exposição dos órgãos sexuais. Em suas Escrituras Sagradas estava escrito que Deus cuidou em cobrir a nudez do primeiro casal após a Queda (Gn 2.25; 3.7-10). Havia uma preocupação em que as vestimentas cobrissem os órgãos genitais (Ex 28.42-43), a ponto de existir uma determinação na lei de Moisés de que o sacerdote deveria ter cuidado para não subir as escadas do altar de forma a deixar que seus órgãos genitais ficassem expostos (Ex 20.26). Cão, o filho de Noé, foi condenado por ter visto a nudez de seu pai. A própria Bíblia se refere à genitália de forma reservada, usando às vezes eufemismos como “nudez” (Lv 18), “pele nua” (Ex 28.42), “membro viril” (Dt 23.1), “entre os pés” (Dt 28.57) e “parte indecorosa” (1Co 12.23), só para citar alguns exemplos.
Os gregos antigos usavam temas pornográficos em canções empregadas nos festivais em honra ao deus Dionísio, séculos antes de Cristo. Nas ruínas romanas de Pompéia, destruída na erupção do Vesúvio em 79 d.C., há pinturas pornográficas nas paredes de algumas edificações representando órgãos sexuais masculinos e propaganda de serviços de prostituição.
A pornografia também era usada em algumas culturas orientais antigas como Índia, Japão e China. Bastante antiga e amplamente divulgada é a obraKama Sutra, escrita na Índia por volta do ano 2500 a.C., um manual contendo gravuras das mais grotescas formas de relação sexual. Na Europa medieval, o Decamerão (1353) do italiano Giovanni Boccaccio, obra abertamente pornográfica, tinha grande circulação.
Com o advento da mídia eletrônica em décadas recentes, a pornografia passou a ser um problema social de grandes proporções. O cinema, a televisão, o vídeo e a TV a cabo se tornaram canais poderosos pelos quais todos os tipos de pornografia se tornaram amplamente disponíveis ao grande público. A partir daí a indústria pornográfica cresceu de forma massiva, pois as pessoas passaram a consumir pornografia em suas próprias casas, sem precisar ir ao cinema ou à banca de revistas. Surgiram também jogos pornográficos de computador. E mais tarde, com o advento da Internet, a disponibilidade e a facilidade de acesso à pornografia multiplicou-se de forma inimaginável. Devido ao acesso internacional e ao custo zero de copiar e baixar imagens na Internet, a cyber-pornografia tornou-se a forma mais popular de pornografia hoje.


Os Diversos Tipos de Pornografia

Os estudiosos do assunto, bem como os legisladores, fazem geralmente uma distinção entre diferentes tipos de pornografia, para fins de estudo e compreensão:
1. Softcore – Refere-se a material pornográfico que apresenta imagens de nudez e cenas que apenas sugerem a relação sexual.
2. Hardcore – Contém representação explícita dos órgãos genitais em cópula e de relações sexuais de toda a sorte.
3. Snuff – Fala-se ainda de vídeos snuff, onde pessoas praticam atos sexuais e depois são assassinadas. Entretanto, não se conhece nenhum exemplar destes vídeos que tenha sido distribuído comercialmente.
4. Pornografia infantil – É a representação, sob qualquer forma, de criança em ato sexual implícito ou explícito, simulado ou real, ou qualquer representação dos órgãos sexuais da criança para fins sexuais.
5. Erótica – Algumas feministas fazem uma distinção entre pornografia, que é a sujeição e degradação sexual da mulher através de imagens que representam o homem dominando e humilhando a mulher sexualmente, e a erótica, que é a representação sexual de homem e mulher em posição de igualdade e respeito mútuo.
Estas distinções podem nos ajudar a entender melhor o assunto e a perceber como diferentes pessoas entendem a pornografia. Entretanto, todas as diferentes formas de pornografia têm em comum a exposição pública da nudez e das relações sexuais humanas, com vistas ao despertamento sexual indiscriminado. Por este motivo, os cristãos não devem se deixar iludir por estas distinções, como se alguma forma de pornografia fosse menos errada do que outras.

A Situação Legal da Pornografia em Alguns Países

A pornografia é uma das formas mais polêmicas de expressão. As sociedades vêm debatendo há muito se material pornográfico deveria ser censurado e como fazer a distinção entre nudez artística e pornografia. No ocidente, onde a liberdade de expressão é uma marca distintiva das democracias, o assunto tem se tornado ainda mais agudo. Além disto, discute-se a realidade das conseqüências sociais e psicológicas da pornografia.
A situação legal da pornografia depende do país. A pornografia infantil é considerada ilegal na totalidade dos países. A legislação brasileira define pornografia infantil como sendo “cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente”. A pena de reclusão é de um a quatro anos para a produção e publicação da pornografia infantil.
Entretanto, a maioria dos países permite a comercialização e a distribuição de alguma forma de pornografia. No Brasil, bem como na maioria dos países, a pornografia softcore é geralmente permitida nas bancas de revista, videotecas, televisão e cinemas. A hardcore é permitida da mesma forma, mas com algumas restrições, como por exemplo, uma capa de plástico com tarjeta preta para as revistas hardcore. A maioria dos países tenta restringir o acesso de menores à pornografia hardcore, permitindo a sua comercialização somente em seções “adultas” de videotecas, livrarias e em TV a cabo. Entretanto, estes esforços têm se mostrado ineficazes para restringir o acesso da população em geral às formas de pornografia consideradas mais danosas, por causa da grande disponibilidade deste material na Internet e, obviamente, pela inclinação do coração humano a toda sorte de obscenidade.
A maioria dos países ocidentais tem restrições à pornografia que envolva violência e bestialismo (sexo com animais). A Holanda e a Suécia, entretanto, permitem a venda deste material abertamente nos sex-shops e após os 15 anos de idade, os jovens podem assistir filmes pornográficos de qualquer tipo. Na Grã-Bretanha, a pornografia hardcore continua sendo ilegal, embora tolerada. No Japão, até recentemente, a exibição dos órgãos genitais era proibido, e a softcore permitida.
Pode parecer, pelas diferentes atitudes dos países, que os aspectos morais relacionados com o consumo da pornografia seja uma questão cultural. Entretanto, não são apenas questões culturais que levam esses países a restringir ou permitir a pornografia. Questões financeiras e econômicas influenciam os governos. A pornografia é uma grande indústria que gera milhões de dólares anuais em impostos. A venda de material pornográfico emsex-shops – que inclui vídeos e acessórios encomendados pela Internet – representa uma boa porcentagem do dinheiro movimentado pelo e-commerce(comércio pela Internet). E estes números estão aumentando com a crescente enxurrada de obscenidade no mundo.

O Crescimento da Pornografia no Mundo

Uma estatística de 1995 revelou que os americanos gastam mais em pornografia do que em Coca-Cola. Não é difícil imaginar que a situação no Brasil não é muito diferente. Um país antigamente fechado, como a China, em 1993 assistiu a uma enxurrada de material pornográfico em seus limites após ter aberto, mesmo que um pouco, as suas fronteiras para receber ajuda estrangeira. Mensalmente, cerca de 8 milhões de cópias de revistas pornográficas circulam no Brasil. Em 1994 a venda de vídeos pornôs chegou perto de 500 milhões de dólares. Não é de se admirar que as locadoras reservem cada vez mais espaço nas prateleiras para vídeos pornôs. Segundo uma pesquisa em 1992, um em cada quatro brasileiros assistiu a um filme de sexo explícito. O mesmo fizeram 13% das mulheres entrevistadas. Em 1995 esse número dobrou para os homens e aumentou um pouco em relação às mulheres. Recentes estatísticas mostram o crescimento destes números.
Diversos acontecimentos recentes ao redor do mundo indicam o avanço contínuo da pornografia. O mundo está sendo inundado com uma enxurrada de imundícia. Vejamos alguns destes indícios.
1) Os governos aumentam cada vez mais a legalidade da pornografia ­– Um exemplo é que em abril de 2002 o Supremo Tribunal dos Estados Unidos revogou a Lei da Prevenção da Pornografia Infantil que havia sido promulgada pelo Congresso em 1966. O argumento usado pelo Supremo Tribunal foi que a liberdade de expressão estava sendo suprimida. A decisão reflete a tendência cada vez maior para a legalização de todas as formas de pornografia.
2) As estatísticas mais recentes mostram o crescimento vertiginoso da indústria pornográfica – Segundo estudos publicados em maio de 2002, há mais de 400.000 sites pornográficos na Internet em todo o mundo, e cerca de 70 milhões de pessoas visitam ao menos um site pornográfico por semana.
Este crescimento é atestado por outras estatísticas. Em 2002, o Observatório para a Publicidade do Instituto da Mulher, em Paris, recebeu 710 denúncias contra mensagens sexistas, o dobro das denúncias recebidas em 2000. 80% destas denúncias tinham a ver com a exploração do corpo feminino em propaganda de produtos. Neste mesmo ano, em Bruxelas, a ONU publicou relatório denunciando que milhões de pessoas em todo o mundo – a metade sendo de crianças e uma outra grande parte de jovens mulheres – são exploradas sexualmente, o que obviamente se refere não somente à prostituição, mas à pornografia. Ainda em outubro de 2002, em Barcelona, a Feira Internacional do Cine Erótico exibiu ao vivo relações sexuais pervertidas aos participantes da Feira.
3) O fracasso das estratégias governamentais em conter o avanço da imoralidade – Conforme estudo do Jornal Médico Britânico publicado na Inglaterra em 2002, as campanhas governamentais de prevenção da gravidez de adolescentes estavam fracassando redondamente. A famosa rádio BBC de Londres veiculou em 2002 que o governo inglês estava preocupado por não conseguir conter a enxurrada de material pornográfico que atinge diariamente os adolescentes ingleses pela Internet. De cada dez mensagens que recebem, uma delas é pornográfica ou remete a algum site pornográfico. A mesma frustração do governo inglês certamente se sente nos governos de outros países.
4) A constatação de danos cada vez maiores causados pela pornografia – Continuamente surgem relatórios de diversos quadrantes mostrando novos danos causados pela pornografia. Por exemplo, os estudos do professor Richard Drake da Universidade Brigham Young nos Estados Unidos, indicam que a pornografia pode ter efeitos na mente similares ao da cocaína, produzindo dependência e distúrbios mentais.
Em Paris, numa reunião com mais de 1700 psicanalistas de 31 paises para tratar de novas formas de neuroses, destacou-se o fato de que cresce cada vez mais o número de pessoas viciadas em sexo, um problema que foi considerado como uma enfermidade psicológica, cujas conseqüências são a ruína econômica, problemas no casamento e em relações, problemas no trabalho, ansiedade e depressão.
Todas estas evidências apontam para uma avalanche da imoralidade em todo o mundo, da qual a pornografia é o carro chefe. Além dos evidentes problemas espirituais que a pornografia causa, também contribui largamente para o crescimento da violência em todo o mundo.
Não são poucos os relatórios feitos por comissões de pesquisadores que denunciam a estreita relação entre a pornografia e a crescente onda de estupros, assédio sexual e exploração infantil nos países “civilizados”. Vários dos temas mais comuns em pornografia do tipo hardcore incluem cenas de seqüestro e estupro de mulheres, geralmente com espancamento e tortura, além de outras formas obscenas de degradação. A mensagem que a pornografia passa aos consumidores é que quando a mulher diz “não” na verdade está dizendo “sim”, e que se o estuprador insistir, ela não somente aceitará como também passará a gostar. Assim, a violência contra a mulher é exposta como algo válido e normal. Estudos de especialistas mostram que 82% dos encarcerados por crimes sexuais contra crianças e adolescentes admitiram que eram consumidores regulares de material pornográfico. Só nos Estados Unidos, o número conhecido de estupros pela polícia cresceu 500% em menos de 30 anos, o que corresponde ao aumento da popularidade do material pornográfico e da facilidade para ser encontrado. Cerca de 86% dos condenados por estupro admitiram imitação direta das cenas pornográficas que assistiam regularmente.

Movimentos Anti-Pornografia

O crescimento vertiginoso da disponibilidade da pornografia e os seus efeitos tem levantado reações no mundo todo. As críticas e ataques à indústria pornográfica e aos seus consumidores vêm geralmente de religiosos conservadores e do movimento feminista. Evangélicos e católicos têm atacado fortemente a indústria da pornografia, especialmente nos países onde o cristianismo conservador exerce alguma força política. Os argumentos usados pelos religiosos contra a pornografia é que a mesma é imoral, que o sexo é reservado para o casamento e que a pornografia aumenta o comportamento imoral e a violência da sociedade.
No Brasil há esforços isolados por parte dos evangélicos, já que não têm um representante nacional. Por exemplo, o deputado evangélico Pastor Daniel Marins lançou na Assembléia Legislativa de São Paulo, em 2001, um projeto de lei que proíbe a exposição de modelos, masculinos ou femininos, despidos ou seminus em placas publicitárias instaladas em vias públicas. Segundo o Pastor Daniel, o projeto é resultado da luta do povo evangélico contra a propaganda aberta e explícita de revistas, produtos e sites na Internet destinados à exploração comercial da nudez e da pornografia, e foi elaborado em conjunto com líderes de diversas denominações, comunidades e associações evangélicas de todo o Estado de São Paulo.
O outro ataque à pornografia vem de uma ala do movimento feminista que a considera como parte da agenda machista, que degrada a mulher e induz à violência contra ela. Esta ala do movimento feminista é contra a pornografia, não por valores morais ou convicções cristãs, mas porque a considera como essencialmente machista, já que são os homens que mais a consomem e são as mulheres as que mais são exploradas e humilhadas nesta indústria. Estas feministas não representam, porém, a totalidade do movimento, onde existem outras feministas que defendem a pornografia.
Existem ainda movimentos isolados, dirigidos por indivíduos ou organizações não governamentais. Um exemplo é Linda Boreman, ex-atriz pornô, que usava o nome de Linda Lovelace. Após abandonar a carreira de estrela pornô, passou a atacar a indústria pornográfica por causa da exploração das mulheres. Outro exemplo é o grupo “Guerreiros Independentes contra a Pornografia Infantil”, que se dedica a caçar consumidores e divulgadores da pornografia infantil pela Internet. Existem várias outras organizações sem fins lucrativos batalhando nessa cruzada. Uma delas, chamada de “Exército Cibernético de Caçadores de Pedófilos”, tem mais de 10 mil membros cadastrados enviando dicas à polícia. Esses grupos são compostos por Internautas que dedicam seu tempo livre procurando manter contato com consumidores de pornografia infantil pela Internet, para afinal entregá-los à polícia.
Muito embora os ataques à pornografia venham em grande parte dos círculos evangélicos, é uma triste realidade que a pornografia tem suas vítimas também dentro das igrejas evangélicas, como veremos a seguir.

Evangélicos “voyeurs”?

Voyeur é termo usado para descrever aqueles que têm prazer sexual observando outras pessoas nuas ou praticando relações sexuais. O voyeur não interage diretamente com o objeto do seu prazer, mas reage a ele através da masturbação. Este é o nome que se dá geralmente ao consumidor secreto de pornografia. É uma boa descrição para cristãos viciados em pornografia.
Há boas razões para acreditarmos que o número de evangélicos no Brasil viciados em pornografia é preocupante. Pesquisadores estimam que nos Estados Unidos cerca de 40% dos evangélicos estão afetados. Há quem ache que este número é bem maior. Considerando que no Brasil a facilidade de se obter material pornográfico é a mesma ou até maior que nos Estados Unidos, considerando que a igreja evangélica brasileira não tem a mesma formação protestante histórica da sua irmã americana, considerando a falta de posição aberta e ativa das igrejas evangélicas brasileiras contra a pornografia como acontece nos Estados Unidos, não é exagerado dizer que provavelmente cerca de 50% dos homens evangélicos no Brasil são consumidores de pornografia. Talvez esse número seja ainda conservador diante do fato conhecido que os evangélicos no Brasil assistem mais horas de televisão por dia que muitos países de primeiro mundo, enchendo suas mentes com programas que promovem a violência e o erotismo, e assim abrindo brechas por onde a pornografia penetra e se enraíza.
Mais preocupante ainda é a probabilidade de que grande parte desse percentual é de jovens adolescentes evangélicos. Uma pesquisa feita por Josh McDowell em 22 mil igrejas americanas revelou que 10% dos adolescentes haviam aprendido o que sabiam sobre sexo em revistas pornográficas. 42% deles disseram que nunca aprenderam qualquer coisa sobre o assunto através de seus pais. E outros 10% confessaram ter assistido a um filme de sexo explícito nos últimos 6 meses. Uma extrapolação, ainda que conservadora, para a realidade das igrejas brasileiras é de deixar pastores e pais em estado de alerta!
Aqui no Brasil, segundo pesquisa da revista Eclésia em setembro de 2002, feita entre jovens evangélicos de 22 denominações, 52% deles já praticaram sexo pré-marital. Destes, cerca da metade mantêm uma vida sexual ativa com um ou mais parceiros. A idade média em que perderam a virgindade é de 14 anos para os rapazes e de 16 anos para as moças, o que coloca as igrejas evangélicas cada vez mais próximas dos padrões mundanos. Um detalhe: estes jovens foram todos criados nas igrejas! Infere-se que em comunidades evangélicas onde as noções de moralidade são tão mundanas quanto as dos incrédulos, não é para duvidar que o consumo de pornografia seja corrente, aceitável e tolerado.
É preciso ainda notar que não são somente os homens que consomem pornografia. Mulheres cristãs também incorrem neste hábito, embora certamente numa proporção menor. Uma evangélica que se identifica como “Solitária” dá o seguinte depoimento num site evangélico: “Tenho 30 anos de idade e nunca consegui casar. Pensei que tinha direito de ser sexualmente feliz, mesmo que o Senhor não tenha me dado um marido. Isto me levou a uma longa e profunda batalha com a masturbação e a pornografia na Internet. No ano passado, quebrantei-me após ouvir um sermão sobre pureza sexual em minha igreja. Após isto, comecei um curso de 60 dias baseado em leituras da Bíblia e acompanhamento de um mentor. Finalmente me vi livre. Também coloquei um filtro contra a pornografia em meu computador.”
Escândalos envolvendo líderes evangélicos revelam abertamente uma outra face do problema. Há pastores evangélicos que também são viciados em pornografia. Por causa do receio de serem apanhados e de estragarem seus ministérios, muitos pastores preferem optam por consumir pornografia como voyeurs do que praticar o adultério de fato, embora alguns acabem eventualmente caindo na infidelidade prática.
Uma mulher escreve num site evangélico: “Sou divorciada, mãe de três adolescentes. Fui casada por dez anos, até que meu marido, pastor, teve um caso extra-marital. Ele era viciado em pornografia desde os doze anos de idade e lutou contra isto por muitos anos.”
Há diversos artigos sobre pornografia publicados em revistas americanas e européias de aconselhamento pastoral abertamente dirigidos a pastores viciados em pornografia, visando ajudá-los. Uma destas revistas, Leadership, realizou uma pesquisa entre pastores de diversas denominações evangélicas e chegou a conclusões terríveis: a cada dez pastores, quatro já haviam visitado um site pornográfico. As seguintes perguntas e respostas compuseram a pesquisa:

Você já visitou um site pornográfico na Internet?

57%Nunca
7% Faz mais de um ano
9%Uma vez no ano passado
21% Algumas poucas vezes no ano
6%Duas vezes ao mês ou mais

Em geral, segundo Leadership, pastores que gastavam mais tempo diante da Internet eram os que mais provavelmente visitariam sites pornográficos.
Pastores são vulneráveis à tentação de entrar num site pornográfico como qualquer outra pessoa. No caso deles, talvez sejam ainda mais vulneráveis. O isolamento e a solidão geralmente acompanham o ministério pastoral. Além disto, muitos pastores negligenciam seus casamentos dedicando-se por demais às demandas do ministério.
Alguns pastores podem cair nesta armadilha satânica simplesmente por curiosidade em saber o que membros da sua igreja estão consumindo na Internet e acabam sendo atraídos e enlaçados pelo poder da pornografia. Além do mais, líderes que jamais ousariam entrar numa videoteca para adquirir um vídeo pornográfico, no segredo e intimidade de seus lares e escritórios acabam cedendo às facilidades da cyber-pornografia, que é acessível, barata e anônima. As igrejas devem orar por seus pastores e líderes para que sejam livres de toda tentação.

Análise Crítica dos Argumentos em Favor da Pornografia

Existem diferentes argumentos usados para defender o consumo livre da pornografia. Analisemos alguns deles.
1) A pornografia como arte – Os defensores deste ponto de vista argumentam que a maldade está na mente dos que vêem material pornográfico. Em si, defendem eles, a pornografia simplesmente explora a beleza natural da nudez humana e das relações sexuais, e deveria ser vista como arte. Os que sustentam este ponto insistem que a nudez é inofensiva e também uma forma de arte. Entretanto, este argumento erra ao deixar de reconhecer que a indústria pornográfica produz bastante material sexualmente explícito onde a mulher é degradada e humilhada, onde o foco são os órgãos genitais humanos, onde adolescentes são violentados e a sodomia e o homossexualismo são divulgados. Se por um lado a nudez humana é bela, após a Queda (pecado de Adão e Eva) o Criador determinou que ela fosse encoberta (Gn 3.21), pois a inocência em que esta beleza podia ser apreciada e desfrutada (Gn 2.25) foi corrompida pelo pecado (Gn 3.7-11). A nudez, como preparação para o ato sexual, fica reservada para o casamento (cf. Levítico 18).
2) A Bíblia está muito mais preocupada com dinheiro e materialismo do que com nudez e cobiça – De acordo com este argumento, os cristãos conservadores são obcecados contra a pornografia que existe nos filmes, mas esquecem que estes também divulgam muita violência, materialismo e bruxaria. Entretanto, o argumento não é inteiramente verdadeiro. Embora a Bíblia tenha muitas passagens contra o mal uso do dinheiro, ela também tem muitas passagens contra a imoralidade sexual e a impureza mental. Devemos combater ambas as coisas.
3) Não há provas conclusivas de que a pornografia seja prejudicial – Este argumento tem sido usado pelos defensores da pornografia em resposta a relatórios de comissões governamentais de diversos países para analisar os efeitos sociais, psicológicos e econômicos da pornografia. Muitas destas comissões concluíram que existe uma relação entre o consumo da pornografia e a violência contra mulheres e crianças, o crescimento dos índices de divórcio, de doenças venéreas e da AIDS, de abortos e de mães solteiras. Os defensores da pornografia argumentam, entretanto, que esta relação não pode ser provada com critérios científicos. Porém, não são necessários critérios científicos para provar o que é óbvio, ou seja, o papel decisivo da pornografia na escalada da imoralidade e suas conseqüências danosas. Muito embora não se possa responsabilizar exclusivamente a pornografia por todos os males da sociedade, ela certamente tem contribuído para os mesmos. Ela provoca a excitação e o despertamento sexual através de imagens que contêm cenas de nudez, sexo deturpado, homossexualismo, lesbianismo, degradação e humilhação da mulher e de crianças, criando nos consumidores uma inclinação para realizar na prática aquilo que seus olhos e mentes consomem.
4) O direito de livre expressão assegura a publicação e o consumo de material pornográfico – segundo os defensores da pornografia, à censura é coisa de regimes autoritários. Nas democracias modernas se assegura o direito de expressão a todos. Isto inclui, argumentam eles, o direito de se publicar material pornográfico e o direito de se consumir este material. Porém, os cristãos submetem suas consciências primeiramente à Lei de Deus. Se por um lado as Escrituras reconhecem a individualidade e a liberdade, por outro elas traçam muitos limites claros sobre o que se pode ver e meditar e aquilo com que ocupar a mente. Por exemplo, o Senhor Jesus proíbe que se tenha fantasia sexual olhando para uma mulher com intenção impura (Mt 5.28; cf. Ex 20.17; 2Sm 11.2; Jó 31.1; Fp 4.8; etc). A liberdade individual é controlada pela Lei de Deus. O crente não é livre para ocupar sua mente com qualquer coisa que deseje o seu coração. Muito embora as leis de um país assegurem a liberdade de expressão, para os cristãos tal liberdade é regulada pelos princípios da Palavra de Deus.
Outro aspecto é que em nome da liberdade de expressão os adolescentes ganham cada vez mais acesso à pornografia. Meninos de 12 a 17 anos são os maiores consumidores de pornografia, segundo estatísticas recentes. Por isto, a indústria pornográfica procura viciá-los cada vez mais, para ter uma clientela segura com o passar dos anos.
5) A pornografia pode ser usada como terapia – Esta é uma defesa radical da pornografia apresentada inclusive por setores feministas. De acordo com esta posição, o uso da pornografia, que é acompanhado geralmente pela masturbação, provê uma forma de escape sexual para aqueles que – por quaisquer motivos – não têm um parceiro sexual, como as pessoas que estão longe de casa, pessoas que enviuvaram recentemente, estão isoladas por causa de alguma enfermidade ou simplesmente porque escolheram ficar sozinhas. Entretanto, o uso de pornografia e masturbação como meio de extravasamento do impulso sexual viola os princípios da Palavra de Deus quanto à pureza sexual e o emprego da mente e de nossa sexualidade. Além da determinação das Escrituras para que os cristãos exerçam o domínio próprio nestas questões, existem outras maneiras de aliviar-se o impulso sexual, como a prática de exercícios físicos.
Também, de acordo com esta argumentação, casais podem usar pornografia para melhorar suas relações, assistindo juntos a vídeos eróticos, e experimentando variação em sua vida sexual, sem ter que cometer adultério. Entretanto, do ponto de vista bíblico, o fato de um cristão assistir com seu cônjuge a vídeos pornográficos não diminui a imoralidade do ato. Continua sendo adultério uma pessoa casada excitar-se sexualmente mediante as imagens de outros homens e mulheres mantendo relações sexuais, mesmo que faça isto junto com seu cônjuge.
6) É uma forma segura de sexo – Um outro benefício da pornografia, de acordo com grupos feministas, é que permite que as mulheres descubram e experimentem a sexualidade sem correr o risco de envolver-se com parceiros que as contagiem com doenças venéreas e AIDS, engravidem ou as sujeitem a humilhações e degradação. A isto respondemos que existem alternativas bíblicas para que as mulheres desenvolvam sua sexualidade de forma saudável e correta sem ter que recorrer à pornografia e à masturbação. Por exemplo, na escolha acertada de seus cônjuges e desfrutando o sexo dentro do casamento.
Podemos perceber que os argumentos em favor da pornografia não levam em conta qualquer questão de valor moral. Enfocam apenas as questões sociais e psicológicas. Os cristãos, entretanto, devem analisar esta questão e outras à luz da Palavra de Deus. Apesar de todos os argumentos em contrário, a pornografia em todas a suas formas continua sendo uma violação dos princípios bíblicos de pureza moral e sexualidade saudável e correta. Infelizmente, a consciência desta realidade nem sempre tem sido suficiente para evitar que cristãos se tornem consumidores de pornografia.

O Que Tem de Mais em Ver Pornografia?

Muito embora os evangélicos em geral sejam contra a pornografia (alguns apenas instintivamente) nem todos estão conscientes do perigo que ela representa. Mencionamos alguns deles em seguida:
1) Consumir deliberadamente material pornográfico é contribuir para uma das indústrias mais florescentes do mundo e que, não poucas vezes, é controlada pelo crime organizado – A indústria pornográfica é uma grande fonte de renda para o crime organizado em todo o mundo, juntamente com o jogo e as drogas, movimentando bilhões de dólares por ano. A indústria da pornografia apóia e promove a indústria da prostituição e da exploração infantil. O dinheiro que pais de família gastam com pornografia deveria ir para o sustento de suas famílias. Alguns podem alegar que consomem apenas material soft contendo somente cenas de nudez — esquecendo que esse material é produzido pela mesma indústria ilegal que comercializa a pornografia infantil.
2) Consumir deliberadamente material pornográfico deixa cicatrizes para o resto da vida – As imagens ficam gravadas a fogo na mente e continuam lá para sempre, e vêm à tona com a excitação sexual. É similar a fumantes, que mesmo tendo deixado o cigarro, permanecem com manchas nos pulmões. É isto que testemunha um ex-viciado em pornografia, cujo depoimento anônimo na revista Leadership chocou o mundo evangélico: “Trago ainda hoje as cicatrizes do meu vício, apesar de já tê-lo vencido. Há a cicatriz da ‘inocência corrompida’. A pornografia se alimenta de nossa fascinação pelo que é proibido, e sempre estamos querendo mais. Minha vida de fantasia sexual extrapolava em muito a minha vida sexual real no casamento. Eu era um ‘voyeur’, experimentando sexo na solidão e isolamento, cada vez mais me afastando da minha esposa”.
Mencionamos abaixo outras seqüelas da pornografia:
a) Insensibilidade para com as perversões sexuais, fazendo-as parecer cotidianas e rotineiras.
b) Comparação injusta entre o corpo do nosso cônjuge e aquele dos modelos apresentados no material pornográfico, provocando impotência e desinteresse sexual dentro do casamento.
c) O hábito da masturbação que se alimenta da pornografia, sua matéria-prima.
d) Despersonificação dos seres humanos, ao exibir seus corpos e órgãos genitais, sem que o rosto apareça.
e) Hábito de desnudar as pessoas com a imaginação, ou de entreter fantasias sexuais enquanto conversa com pessoas do sexo oposto.
3) O consumo de pornografia abate e escraviza o crente – Há muitos servos e servas de Deus que estão vivendo um conflito: querem servir ao Senhor de todo coração, mas se vêem escravizados à pornografia. Esta derrota tira-lhes a vontade de ir à Igreja, participar da Escola Dominical, ler a Bíblia e orar e de testemunhar de Cristo a outros. Sobre isto, escreve o Pr. Jorge Luiz César Figueiredo em artigo na Internet: “Quando a prática [da pornografia] torna-se um círculo vicioso, torna-se algo terrível. Tenho ouvido testemunhos de jovens que lutaram muito para vencer, alguns tiveram que ser radicais e pediram aos pais para tirar o computador do quarto. Esse quadro também cria uma falta de compromisso com Deus; o jovem não quer compromisso, pois não quer pagar o preço da renúncia. Se você enquadra-se nesse perfil sabe bem do que estamos falando. O sentimento de fracasso às vezes toma conta de você e até pensa em desistir, em largar Jesus, mas como você pertence ao Cristo de Nazaré, não pode mais voltar atrás”.
4) Consumir deliberadamente material pornográfico é violar todos os princípios bíblicos estabelecidos por Deus para proteger a família, a pureza e os valores morais. A própria palavra “pornografia” nos aponta essa realidade. Conforme já vimos, ela vem da palavra grega pornéia. Juntamente com mais outras três palavras (pornos, pornê e pornéuo) ela é usada no Novo Testamento para se referir à prática de relações sexuais ilícitas, imoralidade ou impureza sexual em geral. Freqüentemente essas palavras de raiz porn- aparecem em contextos ou associadas com outras palavras que especificam mais exatamente o tipo de impureza a que se referem: adultério, incesto, prostituição, fornicação, homossexualismo e lesbianismo. O Novo Testamento claramente condena a pornéia: ela é fruto da carne, procede do coração corrupto do homem, é uma ameaça à pureza sexual e devemos fugir dela, pois os que a praticam não herdarão o reino de Deus. A pornografia explora exatamente essas coisas — adultério, prostituição, homossexualismo, sado-masoquismo, masturbação, sexo oral, penetrações com objetos e — pior de tudo — pornografia infantil.

De Onde Procede o Desejo de Ver Pornografia?

A pergunta que fazemos é: de onde procede este desejo de olhar e consumir material obsceno? Encontraremos as repostas na Bíblia, a Palavra de Deus.
Ela nos ensina que na criação Deus fez o homem e a mulher perfeitos e sem pecado e lhes deu alguns mandatos que deveriam ser obedecidos, mostrando-lhes que eram criaturas, apesar de terem sido criados perfeitos, sem pecado. Os mandatos foram estes, os quais continuam em vigor até hoje:
1. Mandato Cultural – “Tomou, pois, o SENHOR Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar” (Gn 2.15). O homem foi colocado por Deus no jardim para cuidar das coisas criadas.
2. Mandato Espiritual – “E o SENHOR Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.16-17). O homem foi criado para ter comunhão com Deus. Esta comunhão estava condicionada à obediência ao que Deus havia determinado quanto a não comer da árvore.
3. Mandato Social – “Então, o SENHOR Deus fez cair pesado sono sobre o homem, e este adormeceu; tomou uma das suas costelas e fechou o lugar com carne. E a costela que o Senhor Deus tomara ao homem, transformou-a numa mulher e lha trouxe. E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada. Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne” (Gn 2.21-24). O homem foi criado com a capacidade de ter uma família. Este privilégio, porém, dar-se-ia dentro de algumas regras que estavam implícitas na sua própria criação:
a) Monogâmico. O casamento deveria ser monogâmico, isto é, entre um homem e uma mulher (“deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher”, Gn 2.24).
b) Heterossexual. O casamento deveria também ser entre pessoas de sexos diferentes.
c) Sexo. As relações sexuais estão diretamente ligadas ao casamento. O plano de Deus foi que o sexo fosse desfrutado dentro do ambiente seguro do casamento. Isto fica implícito na expressão: “deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne” (Gn 2.24).
Porém, depois da entrada do pecado no mundo todos esses valores foram distorcidos e os mandatos divinos para o homem foram atingidos:
Quanto ao mandato cultural, o homem que havia sido criado por Deus para cuidar das coisas criadas, tornou-se o próprio predador do universo. Veja como está a situação do mundo, da natureza, dos rios, dos mares! Estão todos sendo degenerados por causa do pecado do homem, por causa do próprio homem. O mandato espiritual foi igualmente atingido. O homem foi criado por Deus para ser obediente à sua vontade. Entretanto, hoje ele anda fazendo a vontade do mundo, do diabo e da carne (Ef. 2.1-3). O mesmo pode-se dizer do mandato social. O homem foi criado para ser monogâmico, heterossexual e conhecer a sua esposa sexualmente somente no casamento. Seguindo o que ocorreu com os dois primeiros mandatos de Deus depois da Queda, o mandato social foi duramente atingido pelo pecado. O homem começou a casar-se com mais de uma mulher e a cometer adultério. O apóstolo Paulo condena essa atitude: “Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? E eu, porventura, tomaria os membros de Cristo e os faria membros de meretriz? Absolutamente, não. Ou não sabeis que o homem que se une à prostituta forma um só corpo com ela? Porque, como se diz, serão os dois uma só carne” (1Co 6.16).
Depois do pecado, o homem é escravo do pecado de tal forma que as suas paixões e desejos são contrários à vontade de Deus, pois são carnais (Gn 6.1-3). Longe de Deus e da sua vontade, o homem cada vez mais se afasta das verdades de Deus e se entrega aos desejos do seu coração.
Deus na sua sabedoria criou o casamento para ser fonte de procriação (Gn 1.28), de companheirismo (Gn 2.18) e de prazer (1Co 7.4-5), indicando desta maneira que o sexo não foi criado para ser fonte de prazer sem compromisso. No entanto, por causa do pecado, o homem tornou-se amante dos prazeres (2Tm 3.4), vivendo a vida para a sua própria satisfação. O descumprimento do mandato social e sua degeneração por causa do coração do homem têm levado à prática de toda sorte de imoralidades (adultério, homossexualismo e toda sorte de bestialidades).
Portanto, a culpa primária pela difusão e consumo da pornografia não é da televisão nem das revistas do gênero, mas de um coração morto nos seus delitos e pecados. “Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultériosprostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias” (Mt 15.19). Claramente Deus afirma na sua Palavra que os que praticam tais coisas não herdarão o reino dos céus: “... prostituição, impureza, lascívia... a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam” (Gl 5.19-21).
A pornografia utiliza a criação de Deus, que é o próprio ser humano, para se levantar contra Deus de tal forma que os seus membros são usados para a iniqüidade. A Bíblia, entretanto, nos convoca a oferecermos nossos membros ao serviço de Deus: “nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniqüidade; mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como instrumentos de justiça” (Rm 6.13).

Como Evitar e Libertar-se da Pornografia?

Não precisaremos de argumentos sociais, médicos e psicológicos para justificar a necessidade de evitarmos e nos libertarmos da pornografia tais como AIDS, destruição familiar, vício, desvio financeiro para esse fim, a falta de segurança e higiene nos locais destinados a esse fim, entre muitos outros. Acreditamos que as razões bíblicas nos são suficientes para dizermos não, mesmo que tenhamos de lutar contra a nossa própria vontade e nosso próprio coração. “Aquele que quer vir após mim, a si mesmo se negue...” são as palavras de Cristo para a nossa reflexão.
Uma vez que entendemos que a nossa natureza pecaminosa nos impulsiona para o mal (Rm 3.10-12), temos que buscar meios pelos quais possamos não sucumbir às muitas tentações que nos sobrevirão, cientes de que “não nos vem tentação que não seja humana, mas Deus é fiel e não permitirá que sejamos tentados além das nossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação nos proverá também o livramento, de sorte que podemos suportar” (1Co 10.13); e ainda: “naquilo que ele mesmo (Cristo) sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados” (Hb 2.18).
Tais promessas de Deus são como lenitivo para a alma. Mesmo que o salário do pecado seja a morte, “o dom gratuito de Deus é a vida eterna, em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6.23). Confiados nessas verdades ficamos fortalecidos para lutar contra as nossas concupiscências e fazer a vontade de Deus, pois “Ele é poderoso para nos guardar de tropeços e para nos apresentar com exultação, imaculados, diante da Sua glória” (Jd 24).
Gostaríamos, portanto, de oferecer aos nossos leitores algumas sugestões de como podemos evitar o mal que chamamos de pornografia:
1. Ter cuidado com o legalismo. Paulo escrevendo aos Colossenses diz que as doutrinas dos homens como: “não manuseies isso ou não toques naquilo... não terão valor nenhum contra a sensualidade” (Cl 2.21-23). A mera letra não nos fará fugir da tentação, se não for acompanhada de uma disposição muito forte do nosso coração de abandonarmos o prazer que a pornografia porventura nos proporcione.
2. Evitar lugares que inspirem sensualidade. Uma vez livres do legalismo, cada homem ou mulher deve conhecer suas limitações e jamais provar seus limites. Temos que deixar morrer a nossa natureza terrena (Cl 3.5-8). Aqui cabem as palavras do Salmo 1: “Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores”. Baseados nestas palavras sugerimos as seguintes atitudes:
a) Escolher bem as amizades. Evitar aqueles amigos que tentam nos desviar, não fazendo caso da Palavra de Deus.
b) Aconselhar-se com pessoas crentes e sábias, e não com os ímpios.
c) Elevar os nossos pensamentos a Deus. Meditar dia a dia na Sua Palavra (Salmo 1:2).
d) Fazer nosso culto particular a Deus e encher nossos pensamentos com coisas edificantes. Em Filipenses 4.8, Paulo nos ensina em que pensar: “tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso que ocupe o vosso pensamento”.
3. Uma mudança de hábitos. É necessário fugirmos da tentação, antes que ela bata à nossa porta. Adquirir os seguintes hábitos pode ser muito proveitoso na hora de evitar e libertar-se da pornografia:
a) Dormir cedo, evitando assim os programas televisivos noturnos, que, via de regra, possuem conteúdo sexual.
b) Ficar na Internet apenas o tempo necessário. Não ficar muito tempo sozinho diante do computador.
c) Ocupar o tempo livre (isso não inclui nossa devocional) com atividades esportivas e edificantes.
d) Evitar envolver-se em qualquer tipo de conversação torpe (Ef 5.3-7).
4. Muito importante é evitar radicalmente o acesso a revistas, vídeos, programas televisivos e sites pornográficos.
5. Estimular o culto doméstico. É sempre bom a família estar unida em torno da Palavra de Deus. Este hábito fortalece o cristão.
Poderíamos colocar aqui muitas outras formas para ajudar cada um a fugir da pornografia, mas o mais importante de tudo, muito além de se colocar regras e estabelecer limites, é deixar muito claro que a raiz do problema não é nenhum desses fatores externos, mas o próprio coração do homem que é depravado e descomprometido com Deus, o Criador de todas as coisas. O antídoto é a fé confiante no poder do evangelho de Cristo que pode e muda o nosso caráter, imprimindo em nós uma nova natureza, regenerada e capaz, pela graça de Deus, de dizer não ao pecado.
Ouçamos a voz de Deus, através das Sagradas Escrituras, e busquemos a santidade oferecida no sangue de seu Filho Jesus Cristo: “tendo, pois, ó amados, tais promessas, purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus” (1Co 7.1).

Conclusão

Ao final do nosso estudo, concluímos que a pornografia é um mal que deve ser enfrentado e combatido. Acreditamos que os pastores e as igrejas evangélicas no Brasil podem fazer algumas coisas, como por exemplo:
1. Ler os estudos e relatórios sobre os efeitos da pornografia feitos por comissões especializadas;
2. Pregar sobre o assunto e especialmente dar estudos para grupos de homens;
3. Desenvolver uma estratégia pastoral para ajudar os membros das igrejas que são adictos à pornografia;
4. Não esquecer que muitos pastores podem precisar eles mesmos de ajuda;
5. Criar comissões que se mobilizem ativamente contra a pornografia, utilizando-se dos dispositivos legais que o permitam (uma possibilidade é encorajar os políticos evangélicos a tomarem posições bem definidas contra a pornografia);
6. Desenvolver uma abordagem que trate da sexualidade de forma bíblica, positiva e criativa;
7. Tratar desses temas desde cedo com os adolescentes da igreja, expondo o ensino bíblico de forma positiva;
8. Orar especificamente pelo problema.
Não estamos pregando uma cruzada de moralização, embora evidentemente a igreja evangélica brasileira poderia tirar bastante proveito de uma. A pornografia é um mal de graves conseqüências espirituais e sociais embora não acreditemos que devamos fazer dela o inimigo público número um, como algumas organizações moralistas e fundamentalistas dos Estados Unidos. Afinal de contas, a raiz desse problema — e de outros — é o coração depravado e corrompido do homem que só pode ser mudado pelo Evangelho de Cristo. Hitler conseguiu em quatro anos banir da Alemanha todas as formas de pornografia e perversão e incutir na geração jovem de sua época a aspiração por altos valores morais e pela pureza da raça ariana. Os motivos eram errados e o projeto de Hitler acabou no desastre que conhecemos. Não acabaremos com a depravação moral somente com leis e discursos políticos. Jack Eckerd, um empresário milionário dono de um negócio que rendia mais de 2,5 milhões de dólares por ano, ao se converter a Cristo em 1986, determinou que todas as publicações pornográficas vendidas em suas 1.700 lojas fossem retiradas, mesmo que isso significasse a perda de alguns milhões de dólares anuais. Quando o coração é mudado as mudanças morais seguem atreladas.

Perguntas e Respostas Sobre Pornografia

Nesta seção de nosso Caderno procuramos responder às perguntas mais comuns sobre a pornografia.

1) O que é pornografia?

Resposta: É a representação da nudez e do comportamento sexual humano com o objetivo de produzir excitamento sexual. Esta representação é feita através de imagens animadas (filmes, vídeos, computador), fotografias, desenhos, textos escritos ou falados. A pornografia explora o sexo tratando os seres humanos como coisas e as mulheres, em particular, como objetos sexuais.

2) Quais os fatores que contribuíram para o crescimento vertiginoso da indústria da pornografia?

Resposta: São diversos: (1) a liberação sexual iniciada nos anos 60, trazendo libertinagem e permissividade; (2) a crescente exposição da mulher, desde o surgimento do biquíni; o advento da pílula anticoncepcional; o movimento feminista; (3) a ênfase das novas democracias em liberdade de expressão; (4) o surgimento da Internet e do vídeo-cassete. No Brasil, após a queda da ditadura, veio a liberdade de expressão e com ela a banalização da pornografia.

3) A cultura e o clima do Brasil, aliados ao temperamento do povo brasileiro, favorecem a pornografia?

Resposta: Provavelmente. Concordamos com a opinião do pastor batista Neander Kraul, publicado na revista Eclésia: “Em termos culturais, temos uma miscigenação muito grande. Além disso, vivemos num clima tropical, onde existe a tendência natural de querer expor o corpo. Mas, se no Brasil existe a exposição exacerbada do nu, e até o modo de falar sobre o tema ‘sexo’ é escrachado [sic], o mesmo problema existe na Europa, na Dinamarca, na Suécia, com outras características. É o mesmo pecado, só que com outros rótulos. Na sociedade americana, o problema da pornografia é tão grave quanto aqui. Mas aqui existe também um traço cultural: nós, latinos, temos facilidade para banalizar as coisas. O sexo se torna jocoso, e o esdrúxulo é bem aceito. Tudo é admissível. A sociedade banaliza a pornografia como mecanismo de validação para que ela mesma possa engolir tudo isso”.

4) Por que as igrejas não falam mais deste assunto, já que certamente existem muitos membros viciados em pornografia?

Resposta: Primeiro, porque é considerado como assunto melindroso de ser tratado em público; segundo, alguns líderes receiam despertar o interesse das pessoas pela pornografia se começarem a falar sobre ela; terceiro, pode ser que a própria liderança de algumas igrejas não se sinta autorizada a falar contra isto pelo fato de estarem, eles mesmos, lutando contra a adição à pornografia. Ao final, é dever da Igreja orientar seus membros quanto ao ensino bíblico da sexualidade. E neste mister terá de encarar a realidade da pornografia entre cristãos. Uma abordagem honesta, firme e bíblica instruirá a comunidade sem despertar curiosidades indevidas.

5) Músicas populares com letras explicitamente sexuais são também consideradas como pornografia?

Resposta: Sim. A letra destas músicas contém convites à relação sexual, expressa os desejos e taras sexuais dos autores, descreve as relações sexuais. É inimaginável que cristãos se divirtam ao som de músicas assim.

6) É lícito a casais cristãos usarem material erótico (como revistas e vídeos) em busca de maior enriquecimento das relações sexuais dentro do casamento?

Resposta: Não, pelas seguintes razões: (1) Produzirá uma comparação injusta do casal com os modelos que posam e encenam para material pornográfico; (2) Abrirá as portas para uma dependência da pornografia, pois aumentará a tolerância para com este tipo de material; (3) Acima de tudo, se constitui em violação do ensino do Senhor Jesus sobre a pureza das intenções no olhar para uma mulher (Mt 5.28), do ensino de Paulo sobre ocupar a mente com coisas aprovadas por Deus (Fp 4.8) e do décimo mandamento “não cobiçarás a mulher do teu próximo” (Ex 20.17). Em busca de maiores esclarecimentos e melhoria na vida sexual, casais cristãos podem utilizar livros sobre a sexualidade escritos da perspectiva bíblica, que ajudam a aprofundar a intimidade marital e melhorar a técnica sexual no casamento, sem incorrer em adultério e nos riscos envolvidos no uso de material pornográfico.

7) É errado fantasiar durante as relações maritais, trazendo à mente imagens de relações sexuais?

Resposta: Sim, conforme resposta dada à pergunta anterior. É uma violação de Mateus 5.28 e de Filipenses 4.8.

8) A pornografia vicia?

Resposta: A julgar pela quantidade de pessoas que consomem regularmente material pornográfico anos a fio e pela quantidade de cristãos que lutam durante muito tempo para se libertar do hábito de ver pornografia, respondemos que sim. Da mesma forma que fumantes estão conscientes dos males que o fumo causa à sua saúde, porém não conseguem renunciar ao prazer que fumar lhes traz, os adictos à pornografia, mesmo conscientes dos males que ela traz para sua alma e para sua família, não conseguem com facilidade renunciar ao seu prazer, ainda que pecaminoso. Adictos da pornografia precisam de ajuda para vencer o hábito.

9) Por que cristãos, que sabem que a pornografia é danosa e pecaminosa, se aventuram ainda a visitar sites pornográficos na Internet?

Resposta: Vários aspectos da pornografia pela Internet a tornam uma tentação ainda maior para os cristãos: ela é acessível, barata ou grátis, e seu consumo é absolutamente anônimo. Os cristãos não mais precisam sair de suas casas e enfrentar a vergonha de ir a uma banca de revista ou videoteca para adquirir pornografia – a mesma é abundantemente disponível em sua casa, sob todas as formas, num clique do computador. A razão primordial, porém, é a degradação do coração humano. Tal corrupção permanece no cristão e o inclina a todo mal. Conforme ensina o Senhor Jesus, “de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, … os adultérios … as malícias … a lascívia…” (Mc 7.22-23). Ensina ainda o apóstolo Paulo: “as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia…” (Gl 5.19).

10) O que caracteriza um cristão viciado em pornografia?

Resposta: A principal característica é o consumo regular de material pornográfico. A freqüência pode variar, desde diário até uma ou duas vezes ao mês. O que importa é que o cristão, apesar de sentir-se culpado, acaba sempre retornando para mais uma olhada. Não estamos dizendo que olhar uma vez por ano é permitido. Continua sendo pecaminoso da mesma forma, mas não caracteriza o vício.

11) Quando alguém viciado em pornografia deveria procurar ajuda pastoral?

Resposta: Tão logo perceba que realmente se tornou um hábito que não consegue vencer sozinho, ou no caso de casados, quando percebe que não consegue libertar-se somente com a ajuda do cônjuge. Muito embora alguém relute, envergonhado, em revelar seu problema secreto, é preferível sofrer esta humilhação do que mergulhar mais e mais neste vício danoso.

12) O consumo de pornografia é um problema que afeta somente os homens cristãos?

Resposta: Infelizmente, não. Mulheres cristãs também têm sido afetadas e se tornam consumidoras de pornografia. Há um número crescente de mulheres envolvidas, de acordo com estatísticas recentes. Antes, as mulheres eram mais viciadas em novelas e romances. Com o advento da Internet, são as principais freqüentadoras das salas de chat (bate-papo), onde tudo pode acontecer. Em tempos recentes, mais e mais mulheres – inclusive cristãs – têm se tornado consumidoras de pornografia pela Internet. Para alguns pesquisadores, as mudanças culturais pós-modernas têm engendrado mudanças na mente feminina, de forma neuroquímica e neuroanatômica, tornando-as mais propensas a consumir imagens e a ser mais agressivas.

13) Se uma pessoa casada está tendo problemas com pornografia, deveria confessar ao cônjuge?

Resposta: Sim. No processo de vencer este hábito pecaminoso é importante ter alguém – de preferência o cônjuge – a quem prestar contas dos seus atos e pedir orações e apoio. Além disto, consumir pornografia é pecado contra o cônjuge, pois se constitui em adultério. Biblicamente, deveríamos confessar ao cônjuge e pedir-lhe perdão, além de seu apoio e ajuda para vencer o hábito.

14) Todas a formas de nudez são pornográficas?

Resposta: Não necessariamente. Um dos ingredientes da pornografia é a intenção deliberada de provocar o despertamento sexual mediante a exposição do corpo humano. Existem obras de arte, chamadas de “nus”, cuja intenção não é esta, e que não provoca qualquer reação de caráter sexual nos observadores. Também, a nudez no ambiente do casamento certamente não pode ser considerada como pornográfica.

15) É lícito ao cristão ver imagens de nudez apenas para apreciá-las como arte?

Resposta: Devido ao fato que somos seres sexuados, é praticamente impossível se expor à nudez sem que haja despertamento sexual, fantasias, desejos, impulsos e intenções. Isto é agravado pela presença da natureza pecaminosa no cristão, tornando-se praticamente impossível para um homem apreciar a nudez feminina sem o despertamento da lascívia e intenções sexuais. Além disto, a indústria pornográfica produz imagens de mulheres e homens nus, não para serem apreciados como arte, mas para provocarem o excitamento sexual e a masturbação. Por fim, ao cobrir a nudez de Adão e Eva (Gn 3.21), Deus já indicou que a nudez deve ser velada e desfrutada apenas no ambiente de casamento.

16) Em muitas tribos indígenas é comum se ver homens e mulheres nus. A nudez e o conceito de pornografia não são, portanto, uma questão cultural?

Resposta: Sem dúvida há um aspecto cultural da nudez, mas a pornografia transcende aos limites culturais. A nudez em si, se não for comercializada ou usada para fins eróticos – que é o caso de uma tribo indígena – não é necessariamente pornográfica, muito embora reflita os efeitos do pecado na cultura. Deus, ao cobrir Adão e Eva após a Queda, nos deu um padrão a ser seguido quanto à exposição dos nossos órgãos sexuais. Desta forma, podemos considerar que a nudez entre índios é um aspecto da pecaminosidade da cultura diante dos padrões de Deus, mesmo atenuada por gerações e gerações mergulhadas na ignorância. A pornografia, por sua vez, é intencionalmente maliciosa e perversa, em qualquer cultura.

17) Por que Deus cobriu a nudez de Adão e Eva?

Resposta: De acordo com a Bíblia, o homem e a mulher viviam nus, ao serem criados, e não se envergonhavam (Gn 2.25). Um dos primeiros efeitos do pecado foi passarem a ter vergonha de si mesmos, o que os levou a se cobrirem com folhas (Gn 3.7). A nudez, antes inocente, agora estava marcada pelo estigma do pecado, como se ambos passassem a ter vergonha de expor seus órgãos genitais e sua intimidade diante um do outro e do próprio Deus (Gn 3.10). Caridosamente, Deus confirmou a necessidade do casal em encobrir a sua nudez, dando-lhes uma cobertura mais duradoura, de peles, antes de expulsá-los do jardim (Gn 3.21). Não sabemos ao certo porque o primeiro pecado trouxe a vergonha da nudez. Certamente não foi porque tal pecado residiu nas relações sexuais, conforme popularmente difundido. Provavelmente porque os órgãos genitais expressam a intimidade maior de uma pessoa. E agora que estavam manchados pelo pecado, Adão e Eva não desejavam ser vistos em sua intimidade.

18) A linguagem de textos bíblicos que falam das relações sexuais e do amor erótico pode ser considerada como pornográfica?

Resposta: Não, pois tratam da sexualidade e das relações sexuais no contexto do casamento, onde estas coisas podem ser expressas com gratidão a Deus.

19) A masturbação é errada?

Resposta: Este hábito está profundamente ligado à pornografia. A masturbação é errada porque envolve o uso de imagens mentais eróticas e fantasias sexuais, violando Mateus 5.28. Dificilmente alguém se masturbaria pensando nas cataratas do Niágara.

20) Já que a pornografia é legal no Brasil, por que um cristão, que também é cidadão brasileiro, não pode consumi-la?

Resposta: O motivo é que o cristão se rege primeiramente pela Palavra de Deus. Ainda que no Brasil seja legal a publicação, veiculação e consumo de material pornográfico, contudo as Escrituras condenam a prostituição, a perversão sexual, o adultério, a sodomia, o lesbianismo, e outras práticas sexuais que são objeto da pornografia.
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Nota sobre o autor: Augustus Nicodemus Lopes, doutor em Novo Testamento, é professor de Exegese do Sem. Presbit. José Manoel da Conceição, em São Paulo e Diretor do Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper, São Paulo.