domingo, 5 de agosto de 2012

Ministério pastoral e missão integral


Ministério pastoral e missão integral

A Teologia Evangelical, ou seja, Missão integral, a partir de seu lema "O Evangelho todo, para o homem todo, para todos os homens", definido no Congresso Internacional de Evangelização, realizado em 1974, em Lausanne, na Suíça, oferece uma lente através da qual lemos as Escrituras Sagradas em busca de referenciais para a presença do cristão e da comunidade cristã no mundo.

Mas poucos são os pastores, líderes e faculdades evangélicas que optam por estudá-la e praticá-la em suas vidas, denominações e programas de ensino. E muitos confundem a missão integral com o assistencialismo aos mais pobres.

Crendo que a Missão Integral é algo fundamental para exemplificar e demonstrar a presença cristã que gera transformação das dimensões morais, intelectuais, econômicas, culturais e políticas da comunidade onde está inserida, é que entrevistamos o Dr. Antonio Carlos Barro.
Barro é doutor em Estudos Interculturais pelo Fuller Theological Seminary (California/EUA), professor de disciplinas na área de Teologia Prática, fundador da Faculdade Teológica Sul Americana e atual Chanceler, pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil e responsável pelo site www.sermao.com.br
 
O que é ter um ministério pastoral com missão integral? 

Antonio Carlos - Primeiro devo dizer que essa é uma tarefa um pouco complicada. Complicada porque poucos pastores sabem o que é missão e bem poucos sabem o que é missão integral. Já tivemos casos (mais de um) de pastores que são formados em seminários tradicionais no Brasil que vêm estudar em um dos cursos da Faculdade Teológica Sul Americana e sem ter idéia do que estamos falando quando o termo Missão Integral é usado. Se os pastores não sabem o que é Missão Integral como eles vão desenvolver seus ministérios debaixo deste guarda-chuva?
Mas, respondendo à pergunta de maneira bem simples eu diria que ter um ministério com a missão integral é olhar para o ser humano com um olhar cheio de amor e de bondade e ministrar a esse ser humano de tal forma que ele encontre sua identidade na casa de Deus e recupere a sua dignidade na forma da nova criação. Todas as partes que juntas formam o ser humano são alvos do ministério pastoral.
Muitos confundem a Missão Integral com o assistencialismo aos pobres, qual a diferença? Como as Igrejas podem colocar a missão integral em prática?
Antonio Carlos - Essa confusão se dá em decorrência do que já afirmei na primeira pergunta. Os evangélicos sempre foram preocupados com a alma das pessoas. Queriam salvar almas para o céu. Nossas pregações, nossos hinos e a nossa práxis eram nessa direção. Até que um dia descobriram que a igreja precisa fazer algo mais e esse algo mais era em direção aos pobres. Alguém chamou isso de Missão Integral (MI). A partir desse momento criou-se a lenda de que MI é fazer algo para os pobres e marginalizados da sociedade.
Isso não é e nunca será MI.
Missão Integral como o próprio nome afirma é integral. Para ser integral é preciso ter as partes. A soma de todos os ministérios ou de tudo o que a igreja faz é a MI. Integral é o valor limite da soma daquilo que a igreja é. Num certo sentido nem precisa do nome Integral. Missão já é essa soma. Assim sendo, uma igreja pode ter um ministério com os pobres numa favela e estar longe da MI, bem como um igreja que trabalha com casais ou uma igreja que evangeliza ricos na Av. Paulista.
Eu não conheço nenhuma igreja que desenvolve a MI na sua plenitude. Essa igreja ainda não foi fundada.
A ação missiológica e pastoral da igreja afeta a pessoa humana em todas as suas dimensões: biológica, psicológica, espiritual e social - a pessoa inteira em seu contexto. Como recuperar a visão bíblica da unidade do ser humano nestas dimensões inseparáveis sem cair numa teologia triunfalista?
Antonio Carlos - A única maneira de recuperar isso é reciclar os pastores e líderes assim como todo o povo de Deus. A pergunta que precisa ser feita é se essas pessoas querem aprender a respeito dessa visão ministerial que engloba todo o ser humano. Minha impressão é que a igreja não quer aprender, porque isso é custoso, envolve quebra de paradigmas e um retorno a um cristianismo mais simples que atuaria como contracultura de quase tudo o que está acontecendo em nossas comunidades.
Rene Padilla, um dos grandes precursores da Missão Integral certa vez  declarou: "O grande perigo para a sociedade e para a missão integral da igreja hoje, não é o comunismo, mas é o capitalismo." Você concorda com esta afirmação?
Antonio Carlos - Bem, eu não sei o que estava na cabeça do Padilla e em qual contexto ele fez essa declaração. A meu ver não existe nenhum sistema que ajuda ou atrapalha a MI. Ela é desenvolvida independentemente do sistema vigente porque ela é maior do que qualquer cultura e por isso, transforma a cultura. Se o governo é comunista, capitalista ou monárquico isso não tem a menor importância.
Agora existe um fato que é mais preocupante e que foi apontado por Herbert Butterfield, historiador Inglês nos anos cinquenta: a igreja sempre foi como um camaleão. Se o governo é republicano, ela é republicana; se o governo é monárquico, ela é monárquica. Ou seja, a igreja é conivente com o sistema. Tem alguns que não serão. Esses são os remanescentes fiéis e os que não dobram os joelhos para Baal.
Em sua opinião o que dará mais certo: uma igreja com programas e projetos de evangelização e discipulado ou uma igreja que treina seus membros para obedecerem a Cristo nas suas diferentes áreas da vida cívica?
Antonio Carlos - Uma coisa não elimina a outra. Ou uma coisa deveria incluir a outra. Os programas de discipulados na maioria das igrejas não passam de um tempo em que o aprendiz irá ouvir (não digo aprender) algumas fórmulas da nossa sagrada tradição evangélica. Irá ouvir que somos isso e não aquilo, que fazemos isso e não aquilo. O ensino é meramente formal, enche a cabeça de alguns conceitos que não podem ser usados para nada na vida prática.
A igreja deveria educar seus membros para que sejam pessoas libertas do pecado, do medo e da apatia. A maioria dos crentes é apática. O crente aprende desde cedo numa igreja evangélica que a sua função é frequentar um culto e dar o dízimo. Ninguém o desafia a ser uma agente de transformação na sociedade. Portanto, o que chamamos de discipulado pode ser chamado de qualquer coisa.
Quais as dificuldades da Igreja de hoje para vivenciar a missão integral?
Antonio Carlos - Acho que já respondi nas perguntas anteriores.Mas a maior dificuldade é a falta de entendimento a respeito de dois termos básicos: missão e missões. Quando eu vou a uma conferência missionária, eu participo de um evento que tem um foco: falar de missões. Isso inclui orar, ir, contribuir, conhecer, etc. Tudo ali gira em torno de missões, seja mono cultural ou transcultural.
Agora quando eu vou pregar sobre missão da igreja, os crentes e os pastores pensam que eu estou falando sobre missões. Aí eles fecham o filtro porque ninguém está muito interessado em missões. Eu não posso ser pastor ou líder se eu não entendo o que é missão, se eu não entendo que a missão é a razão de ser da igreja, que a natureza da igreja é missionária. Falta mais reflexão aos nossos líderes, eles deveriam pensar mais nisso.
Quais os seus conselhos aos líderes e pastores para repassar a visão da missão integral para sua igreja?
Antonio Carlos - Ver, julgar e agir.
Ver o que está à sua volta, ensinar sua igreja a ler a Bíblia e o mundo ao mesmo tempo e levar sua igreja a responder às necessidades que estão perto dela. Pelo menos isso. Não se preocupe em querer salvar o mundo. Salve o seu bairro, salve sua cidade.Agir em nome de Deus e com os recursos disponíveis. Fazer o que pode e o que não pode, ore a Deus. Ele é o Senhor dos recursos.Depois avalie o que foi feito, arrume o que pode ser arrumado.
Finalmente, convoque a comunidade e celebre os frutos da missão. Depois de celebrar (alguns podem chamar isso de culto) saia para o mundo em missão. Retorne para celebrar e volte ao mundo para missionar. Só isso.

Reprodução Autorizada desde que mantida a integridade dos textos, mencionado o autor e o site http://www.institutojetro.com/ e comunicada sua utilização através do e-mail artigos@institutojetro.com

MISSÕES - Conde Zinzendorf


Biografia Ilustrada do Conde Zinzendorf


Figura 1 - Conde Zinzendorf
(fonte: livro de Ruth Tucker)
Tradução das páginas 100 a 104 do Livro “From Jerusalem to Irian Jaya: a biographical history of Christian missions” de Ruth Tucker, Editora Zondervan, 2004. Com adaptações.

1) Introdução
O Conde Zinzendorf foi um dos líderes missionários mais influentes do movimento protestante missionário moderno. Ele foi pioneiro no evangelismo ecumênico, fundou a Igreja Morávia, e autor de dezenas de hinos, mas acima de tudo, ele lançou um movimento missionário mundial que definiu o cenário para William Carey e o "Grande Século" de missões que se seguiu. No entanto, em muitos aspectos, ele não tinha habilidades de liderança, e o poderoso movimento ao qual ele dedicou sua vida mais de uma vez quase entrou em colapso devido à falta de planejamento e decisões equivocadas.

2) Origens
Figura 2 - August Hermann Francke
(Fonte: Enciclopédia Britânica) 
Zinzendorf nasceu no ano 1700 em riqueza e nobreza. A morte de seu pai e o casamento subseqüente de sua mãe o fez ser criado pela avó e tia, cujo fervor pietista evangélico marcou seu coração para as questões espirituais. Seu ensino inicial foi reforçado por uma educação formal. Na idade de dez anos, ele foi enviado para estudar em Halle, onde se aprofundou no âmbito do ensino inspirador do grande luterano pietista August Hermann Francke. Na Universidade de Halle, Zinzendorf se uniu com outros jovens dedicados, e dessa associação surgiu a "Ordem do Grão de Mostarda", uma fraternidade cristã comprometida com amor por "toda a família humana" e para difundir o evangelho.









3) Seu chamado
De Halle, Zinzendorf foi para Wittenberg para estudar Direito, em preparação para uma carreira no serviço público, a única aceitável para um nobre. Mas ele estava infeliz com suas perspectivas para o futuro. Ele desejava entrar no ministério cristão, mas quebrar a tradição da família seria impensável. A decisão pesou muito em sua mente até 1719, quando um incidente durante uma turnê pela Europa mudou o curso da sua vida. Ao visitar uma galeria de arte, ele viu uma pintura (Homo Ecce de Domenico Feti) que mostra Cristo suportando a coroa de espinhos, com uma inscrição que dizia: "Tudo isso eu fiz por você, o que você está fazendo por mim?" Essa experiência teve um profundo impacto não só sobre a sua vocação futura, mas também em sua formação teológica e espiritual.
Figura 3 - Homo Ecce de Domenico Feti
 (fonte site www.zinzendorf.com) 
4) Herrnhut Um ponto de virada na chamada de Zinzendorf ao ministério veio em 1722 quando alguns refugiados protestantes buscaram abrigo em sua propriedade em Berthelsdorf, mais tarde nomeada Herrnhut, que significa "sob as vistas do Senhor". Ele convidou os refugiados a se estabelecer na terra, e Herrnhut cresceu rapidamente. Os refugiados religiosos continuaram a chegar, e a propriedade tornou-se uma próspera comunidade com casas recém-construídas e lojas. Mas com o crescente número vieram também problemas. As diversas origens religiosas dos moradores geraram discórdia e em mais de uma ocasião a existência de Herrnhut esteve em perigo.
 Figura 4 - Vista de Herrnhut (fonte: site www.ebu.de)
5) O Avivamento
Então, em 1727, cinco anos após os primeiros refugiados chegarem, toda a atmosfera mudou. Um período de renovação espiritual foi o clímax de uma reunião de comunhão em 13 de agosto com um grande avivamento, que, segundo os participantes, marcou a vinda do Espírito Santo para Herrnhut. O que quer que possa ter ocorrido na esfera espiritual, não há dúvida de que esta noite de avivamento trouxe uma nova paixão para as missões, que se tornou a principal característica do movimento da Morávia. Havia um senso de unidade e de dependência de Deus. Neste momento uma vigília de oração foi iniciada, que continuou sete dias por semana, sem interrupção por mais de cem anos.

6) Missões Morávias
Figura 5 - Hans Egede,
o apóstolo da Groenlândia
(fonte: Wikipedia)

 O envolvimento direto em missões estrangeiras não veio até alguns anos após esse despertar espiritual. Zinzendorf foi assistir a coroação do rei dinamarquês Cristiano VI, e durante as festividades foi apresentado a dois nativos da Groenlândia (convertidos pelo trabalho de Hans Egede, o apóstolo da Groenlândia) e um escravo Africano das Índias Ocidentais. Tão impressionado que ficou, convidou-os a visitar Herrnhut, e ele voltou para casa com um senso de urgência para o evangelismo mundial. Dentro de um ano os dois primeiros missionários da Morávia foram enviados para as Ilhas Virgens, e nas duas décadas que se seguiram os morávios enviaram mais missionários do que todos os protestantes tinham enviado nos últimos dois séculos.






7) Suas viagens missionárias
Figura 6 - Igreja Morávia ao redor do Mundo (fonte: livro de Ruth Tucker) 
Em 1738, alguns anos após os primeiros missionários chegarem ao Caribe, Zinzendorf acompanhou três novos recrutas que foram se juntar aos seus colegas. Mas quando eles chegaram ao seu destino, eles ficaram sabendo que os seus colegas haviam sido presos. Zinzendorf assumiu rapidamente o caso e, usando seu prestígio e autoridade como um nobre, procurou garantir a libertação deles. Durante a visita realizou serviços diários para os africanos e melhorou a estrutura organizacional e atribuições territoriais para os missionários. Ciente de que o trabalho da missão estava em uma base sólida, ele retornou para a Europa. Dois anos mais tarde, ele partiu para as colônias americanas, onde observou o trabalho missionário com os índios nativos. Embora Zinzendorf tenha renunciado a sua vida como um nobre, ele nunca foi capaz de suprimir o seu gosto pela boa vida, e ele achou difícil abaixar-se à vida de um missionário “construtor de tendas”. Ele não escondeu seu descontentamento com a vida no deserto e com a labuta do dia-a-dia do trabalho missionário. Ele viu os nativos americanos como incivilizados e brutos, e ele se ressentia da invasão de sua privacidade. No entanto, sua incapacidade de se relacionar com eles ou até mesmo chegar junto com eles não escureceu o seu entusiasmo em evangelizá-los. Antes de deixar a América nomeou vinte missionários para a obra missionária indígena.

8) O perfil dos missionários morávios
Como estadista missionário, Zinzendorf passou trinta e três anos como supervisor de uma rede mundial de missionários que o considerava um líder. Seus métodos eram simples e práticos e que resistiram ao teste do tempo. Todos os seus missionários leigos foram treinados como evangelistas, e não como teólogos. Como artesãos auto-sustentáveis que trabalhavam ao lado de seus convertidos, testemunhando a sua fé pela palavra falada e pelo seu exemplo de vida - sempre buscando identificar-se como iguais e não como superiores. Sua tarefa era apenas evangelismo, evitando qualquer envolvimento nos assuntos locais, sejam políticos ou econômicos. Sua mensagem era o amor de Cristo - a mensagem simples do Evangelho - com o desrespeito intencional de verdades doutrinárias até depois da conversão, e, mesmo assim, um misticismo emocional tomou precedência sobre o ensino teológico. Acima de tudo, os missionários da Morávia foram sinceros e tinham o ministério em primeiro plano. As esposas e familiares foram abandonados por causa da evangelização. Os jovens foram incentivados a permanecerem solteiros, e quando foi permitido o casamento, o cônjuge era muitas vezes escolhido por sorteio.

 9) Sua família
Figura 7 - Erdmuth Zinzendorf - 1ª esposa
 (fonte: livro de Ruth Tucker)
O principal exemplo do ministério de solteiros foi o próprio Zinzendorf. Sua esposa e filhos eram freqüentemente deixados para trás, enquanto viajava pela Europa e pelo mundo, e seu exílio de mais de uma década de sua terra natal ainda mais complicava sua vida familiar. Enquanto ele estava fora, seus negócios e problemas jurídicos foram conduzidos sabiamente por sua mulher, Erdmuth. Mas ele foi menos hábil em manter seu casamento intacto. Não era nenhum segredo que ele e Erdmuth estavam com as relações frias e que nos últimos quinze anos da vida de sua esposa foi um casamento apenas no nome. No entanto, sua morte foi uma época difícil para Zinzendorf. De acordo com John Weinlick, “a tristeza foi agravada pelo remorso”. Ele não tinha sido justo com Erdmuth. Ele não tinha sido infiel durante o seu longo período de separação, mas ele tinha sido muito descuidado. Tinha esquecido que “ela era uma mulher, esposa e mãe”.
Figura 8 - Anna Nitschmann - 2ª esposa
(fonte site www.zinzendorf. com) 
 Depois de um ano de luto, casou-se com Anna Nitschmann Zinzendorf, uma camponesa que, juntamente com os outros, tinha sido sua companheira de viagens há muitos anos. O casamento foi mantido em segredo por mais de um ano, em parte para evitar uma controvérsia com a sua família por se casar com uma mulher abaixo de seu nível social. Anna teve uma forte influência ideológica sobre Zinzendorf, particularmente na área do misticismo, e este fenômeno levou graves problemas para a missão.

10) O problema do Misticismo
Sob a liderança do conde, a Igreja Morávia havia colocado grande ênfase sobre a morte de Cristo. Desde criança Zinzendorf tinha sido influenciado sobre a morte e a agonia do Senhor, e seu chamado para o ministério tinha sido influenciado por uma pintura retratando a agonia de Cristo. Com o tempo, o que tinha sido uma ênfase se transformou em uma obsessão, toda a igreja parece ter sido levada a uma forma radical de misticismo. Através de seu exemplo, os Morávios começaram a denegrir sua própria imagem meditando morbidamente sobre a morte de Cristo. Em uma carta circular às igrejas, Anna (anos antes dela casar-se com Zinzendorf) havia escrito: “Como um verme pobre e pequeno, desejo retirar-me em suas feridas”, e Zinzendorf falava aos irmãos como “vermes de sangue no mar de graça”. Uma "Ordem dos Pequenos Tolos" foi formada, e ele encorajou os membros a se comportar como crianças e pensar em si mesmos como “peixes pequenos em um leito de sangue” ou “pequenas abelhas que sugam as chagas de Cristo”. Este misticismo teve um impacto negativo sobre as missões.
O mais místico e introspectivo dos Morávios era aquele que tomava em si a identificação com o sofrimento físico de Cristo. Cada vez menos eles se concentraram na evangelização do mundo e nas necessidades dos outros. Missionários ativos eram por vezes desacreditados porque ainda não haviam atingido os místicos “altos níveis de espiritualidade” que a nova obsessão exigia e a causa das missões, portanto, sofreu demais.

11) A solução
Essa série de acontecimentos poderia ter trazido um fim rápido para a missão, mas Conde Zinzendorf reconheceu o problema antes que o pior ocorresse. Admitindo que a condição da igreja estava “muito degenerada”, e que ele próprio tinha “provavelmente ocasionado isso”, Zinzendorf foi capaz de colocar um fim nesse “breve, mas temeroso período” e orientar seus seguidores de volta ao curso novamente.

12) Outros problemas
No entanto, outros problemas vieram rapidamente à superfície. Em 1750 a Igreja Morávia estava profundamente endividada devido à falta de Zinzendorf na gestão financeira. “Em sua expansão”, escreve J.C.S. Mason, “compra de terras, seus grandes edifícios e outras iniciativas ... foi financiado principalmente através de empréstimos". Na Grã-Bretanha e no continente, houve uma avalanche "de livros e panfletos", cujo efeito era deixar o movimento “quase em ruínas”. A teologia mística dos anos anteriores não foi esquecida pelos críticos do movimento agora falido. “Herrnhutismo”, escreveu Henry Rimius, “tem aviltado o cristianismo, ligando com ele os absurdos mais detestáveis, e manifesta as doutrinas que grosseiramente tem corrompido”. Tais zombarias não desaparecem rapidamente. Já em 1808 o folheto Christian Observer lembrou aos leitores que “...os Morávios, como o Anabatistas em um período anterior, exibiram mais recentemente, exibiu uma licenciosidade prática deplorável”.

13) Conclusão
Apesar de suas falhas e erros, e sua reputação manchada Zinzendorf deixou um legado que continuou por muito tempo após sua morte. Na verdade, a sua contribuição para as missões é talvez o mais visto na vida dos homens e mulheres que deixaram para trás a família ea sua pátria para a causa de missões mundiais.

Fonte: “From Jerusalem to Irian Jaya: a biographical history of Christian missions” de Ruth Tucker, Editora Zondervan, 2004, páginas 100 a 104.