Música cristã de qualidade
Olhe para você, e você vai encontrar em toda a longa jornada de sua vida apenas ódio, solidão, desespero, ruína e decadência. Mas olhe para Cristo e você vai encontrá-Lo, e com Ele tudo o que mais você necessita. C. S. Lewis
domingo, 23 de setembro de 2012
sexta-feira, 7 de setembro de 2012
domingo, 2 de setembro de 2012
Vida cristã- Reino, Igreja e Sociedade
Reino Igreja e Sociedade - Três Estilos Diferentes?
(Carlos Miranda)
Sou pastor de uma igreja situada no centro de Buenos
Aires, Argentina. Portanto, o que se segue é uma leitura sul ocidental da
realidade. Seguramente a partir de outras latitudes a visão poderá ser
diferente. No entanto, como estamos em um mundo cada vez mais globalizado, com
certeza, encontraremos pontos em comum.
Estou
usando a palavra estilo porque é a que melhor representa nosso tempo pós
moderno. Com efeito, a pós modernidade é um estilo cultural que responde a
condições sócio-culturais. Se nas sociedades tradicionais a posição de uma
pessoa estava determinada pelo seu papel, e nas sociedades modernas estava
determinada pelo lucro, nos tempo pós modernos a posição de uma pessoa está
determinada pelo estilo. Na medida que muda o estilo, devemos mudar com ele,
por que senão nossa identidade ficará em dúvida . Vicente Verdú, um dos mais
aguçados investigadores dos fenômenos contemporâneos, escreveu um livro chamado
"O Estilo do Mundo", com uma das análises mais certeiras sobre nosso
tempo, e justifica o uso da palavra estilo e não espírito por que estilo
"evoca melhor a sinuosa aparência" de nossa sociedade hoje . Gostaria
de usar algumas das tendências que o sociólogo espanhol marca para situar-nos
na realidade de nossa sociedade atual.
I.
O estilo deste mundo:
1. O estilo deste mundo é o do pensamento débil: Gianni Vattimo
define a pós modernidade como uma espécie de Babel informativa, onde a
comunicação e os meios adquirem um caráter central. A pós modernidade marca a
superação da modernidade com seus modelos fechados das grandes verdades, de
fundamentos consistentes. A pós modernidade abre o caminho, segundo Vattimo,
para a tolerância, para a diversidade. É a passagem do pensamento forte,
metafísico, das cosmo visões filosóficas bem definidas, das crenças
verdadeiras, para o pensamento débil. A pós modernidade é um estilo de
pensamento que desconfia das noções clássicas de verdade, da razão, identidade
e objetividade, para a idéia de progresso universal. Contra essas normas
iluministas, considera o mundo como contingente, não explicado, diverso,
instável, indeterminado, um conjunto de cultura desunidas ou de interpretações.
Tudo isso gera um grau de ceticismo sobre a objetividade da verdade, a
história, as normas, e a coerência das identidades.
2. O estilo deste mundo é o da globalização: O mundo
globalizado instalou a tendência de nosso mundo a homologação, apesar dos
movimentos nacionalistas, tribais e folclóricos. O que se conhece como o
McWorld . Vivemos no mundo das franquias, com a intencionalidade forte de que
todos comamos o mesmo , vistamos igual , brinquemos igual , vivamos em cidades
genéricas , tenhamos sistemas políticos e financeiros similares, debaixo de um
mesmo componente cultural: o ocidental e especialmente o norte americano. O
particular e diverso se "somam" ao pacote cultural homogêneo, com o
propósito de introduzi-lo melhor. O ressurgimento do islamismo deu a impressão
de se freava a ocidentalização, mas nada mudou profundamente. Pierre Bourdieu
dizia que a globalização não é um efeito mecânico das leis da técnica ou da
economia, mas uma criação política. Uma progressiva criação do capitalismo com
o propósito de estabelecer as melhores condições para seu funcionamento e
dominação. Uma dominação suave e cativante que oferece uma mesma cultura
propensa ao desenvolvimento do negócio. A globalização tem cor norte americana.
O domínio norte americano começou com um fascínio por suas industrias. Junto
com isso, sobreveio a influência social e moral: divórcios, competição feroz,
direitos civis, o feminismo, o super individualismo, o stress, a ecologia, o
neoliberalismo, o voluntariado, o gay, o shopping. Alcançou o status de
primeira potência econômica nos anos vintes do século passado, alcançou um
glamour humano na década dos trintas, sua apoteose nos cinqüentas, arrasou o
mundo financeiro durante os oitentas e se fez império mundial depois da queda
do muro de Berlim, em 1989. Nunca antes na história da humanidade um só pais
reuniu tanto poder. A hegemonia norte americana depois da queda do muro de
Berlim é indiscutível. A arrogância militar e financeira tem deteriorado
significativamente a imagem da superpotência. Isto faz com o capitalismo
globalizado utilize uma nova estratégia. Não está para avassalar, mas para
produzir amigos. Não busca ser temido, mas busca obter os melhores resultados
por ser "encantador". Uma presença sutil, suave.
3. O estilo deste mundo é o do novo capitalismo: O capitalismo
passou por três fases. A primeira é o capitalismo de produção, que foi desde os
fins do século XVIII até a Segunda Guerra Mundial. Nessa etapa o principal eram
as mercadorias. A segunda foi a do capitalismo de consumo, desde a Segunda
Guerra até a queda do Muro de Berlim. A ênfase foi que os artigos estavam
envolvidos pela mensagem da publicidade. E a terceira etapa, a atual, que Verdú
chama de capitalismo de ficção, surgido no começo dos anos noventas, do século
XX. E a ênfase é a importância dramática das pessoas. Os dois primeiros
capitalismos se ocupavam primordialmente com os bens e o bem estar material,
mas o atual capitalismo de ficção se encarrega das sensações, do bem estar
emocional. Os dois primeiros abasteciam realidade de artigos e serviços,
enquanto o capitalismo de ficção se propõe produzir uma nova realidade, isto é,
uma segunda realidade, ou realidade de ficção, com a aparência de ser uma
realidade melhorada. Desta maneira o capitalismo deixa de ser meramente uma
organização econômica e se converte em civilização.
4. O estilo deste mundo é estilo do show: A guerra santa, a
responsabilidade moral das empresas, o comércio justo, o marketing com causa, a
"transparência" da política, a estética dos enxertos, a orgia
futebolística, os reality shows, a vídeo vigilância universal, a cultura do
Shopping, a cidade como parque temático, a democratização, a clonagem, são
fenômenos do capitalismo de ficção, onde a realidade se convalida pela
realidade do espetáculo. Segundo Baudrillard, o mundo contemporâneo se caracteriza
por um processo de desmaterialização da realidade: o olhar do homem já não se
dirige para a natureza, mas para as telas da televisão; a comunicação tem se
convertido num fim em si mesma em um valor absoluto. Tudo é um espetáculo, e
para isso é preciso converter o cidadão em um espectador, e vender as entradas
a todo um planeta homogeneizado. "Os espaços onde compramos, onde
viajamos, onde vivemos, vão num caminho de conversão num teatro onde somos
atores e espectadores, clientes e artistas". Ou como disse o famoso
consultor internacional Tom Peters: "Todo o mundo já está no negócio do
espetáculo". As técnicas do espetáculo estão incorporadas a religião, a
educação ou a guerra e nenhuma atividade fica fora do show business, por que os
cidadãos aspiram a não entediar-se nunca, escapando ao peso e gravidade da
realidade. Erich Fromm sustentava a quase meio século, que o estado estava
interessado em criar indivíduos deprimidos porque governar cidadãos depressivos
seria sempre mais fácil aos efeitos da manipulação, e por que o individuo nesse
estado não tem forças para protestar e rebelar-se. Mas hoje a estratégia é
outra. O estilo atual do mundo tem comprovado que o individuo distraído,
entretido, é o que menos protesta e deixa de rebelar-se. O titulo do livro de
Neil Postman, "Amuzing Ourselves" (Divertir-nos até morrer) revela o
objetivo deste tempo . Na metade do século XX a industria da defesa foi chave
no desenvolvimento norte americano. Mas hoje o primeiro lugar é ocupado,
soberbamente, pelo setor do entretenimento . Na Espanha se construiu nos
últimos anos mais de 60 parques de ócio (lazer). Países em crise como Argentina
em 2002, apesar da adversidade tem uma demanda crescente de entretenimento .
Tudo tem que ser divertido. A luta pelos pobres não se faz mais com atos
revolucionários nem com protestos das massas, mas com recitais de rock. A única
coisa que tem relevância é que seja divertido. Na Grã Bretanha os gastos em
lazer e diversão têm superado os gastos com comida e bebida. "Nós vendemos
felicidade", é o slogan da Disney, "porque felicidade é o melhor
produto do mundo". Charles Baudelaire chamava a arte "os domingos da
vida", os momentos em que a experiência estética converte o tempo comum em
festa. Mas hoje, na sociedade do espetáculo, que todos os dias da semana tente
divertir-nos até morrer, sempre pode ser domingo.
5. O estilo deste mundo é infantil: Uma das agencias
de publicidade maiores do mundo , criou um termo: AABKA, para qualificar aos
novos adultos progressivamente infantilizados: "Adults Are Becoming Kids
Again" (adultos voltando à infância de novo). Alguns chamam essa tendência
de Vice is Nice (o vício é lindo), se referindo à inclinação infantil de
procurar satisfações continuas e urgentes. Os adultos jogam cada vez mais, não
somente nos esportes, mas com brinquedos. Os videogames contrariamente ao que
se pensa, não é um passatempo de crianças e adolescentes exclusivamente, mas
sobretudo de adultos. O Play Station, é considerada pela Sony como modo de vida
para adolescentes e adultos jovens. Não se pode subestimar essa infantilização.
Nossa cultura globalizada avança para uma extraordinária complacência com a
figura do menino ou com a adoração da mentalidade da criança. Nunca como nos
últimos anos se publicou tantos livros sobre a regr essão à infância. Os jovens
resistem ser adultos. A escassez de compromisso político, a substituição da
critica social pela manutenção passiva do status quo, as sérias dificuldades
para assumir responsabilidades nos adultos, o abandono e negligência na educação
das crianças, osprogramas de televisão mais vistos com um nível menor ao de um
adolescente do nível secundário, o retorno aos heróis dos quadrinhos a
vestimenta adulta com gorros (bonés), mochilas, camisetas estampadas em amplo
crescimento. Não somente tenta apagar o passar dos anos da aparência física,
mas da consciência. A ambigüidade da vida, que faz que os adultos tentem viver
disfarçando-se de outros personagens, como faria uma criança. Talvez a apoteose
como símbolo do infantilismo seja o lugar absolutamente desmedido que toma o
espetáculo desportivo. As cidades não se mobilizam mais por uma greve geral,
senão por uma partida de futebol. O futebol permite viver uma para-realidade
infantilizada, sem ter sofrer os elementos duros da vida. A versão feminina são
os programas de entrevistas (talk show) e os reality shows. Enquanto os homens
se trasladam para a paranormalidade das partidas de futebol, as mulheres trocam
sua realidade pela realidade das peripécias a que se expõe os personagens da
televisão.
6. O estilo deste mundo é o estilo da falsificação: O conceito de
verdade está em crise. No modelo pós moderno a verdade tem sido substituída
pela semelhança. Isto faz que vivamos no mundo da copia, da falsificação, da
ambigüidade, da duplicidade, da reciclagem. O travesti na sexualidade. O corpo
com os implantes e as cirurgias plásticas, a aplicação de células mães para
evitar os defeitos do corpo. A clonagem. Mais de um terço do mercado
discográfico são os discos piratas, que já não são tão piratas porque suas
empresas pertencem à corporação do selo original. A China não só tem copiado a
roupa e os produtos ocidentais, como tem copiado a própria cultura capitalista.
Hoje se falsifica em todo o mundo até medicamentos. Na Índia e em outros países
se falsificam os cosméticos, isto é, se falsifica a aparência da aparência. A
cosmética ocidental é mimetizada em uma cosmética da cosmética. Na Argentina há
um mercado do "trucho" (falso), chamado "A Salada" do qual
participam milhares e milhares de pessoas de todo o mundo semanalmente para
comprar todo tipo de produtos copiados. Este não é um fenômeno exclusivo dos
países em desenvolvimento, mas o mesmo acontece com os chineses da 5a Avenida,
em New York ou em Piccadilly Circus, em Londres. Já não se falsificam somente o
produto, mas também aquilo que poderia ser a garantia de originalidade: os
códigos de barra, as embalagens, os logotipos, os certificados de garantia, os
envoltórios. Com o sistema digital a reprodução de obras de arte faz com que
não se consiga distinguir entre o original e a cópia. Nessa mesma linha a ânsia
pelo retrô é uma forma de copiar. O revival como cópia do passado. No início do
século XX havia um entusiasmo por abraçar o futuro, havia uma visão otimista e
projetiva, mas o início do século XXI coincidiu com o terror e ninguém quer ir
mais longe, e todos temem o futuro. É como se a história houvesse parado e se
começasse a reviver os acontecimentos do passado, como o nacionalismo, o
racismo, as lutas étnico-religiosas, a ameaça nuclear, os populismos latino
americanos, os discursos sobre os desaparecidos nos governos pós ditatoriais,
os protestos anti globalização com as imagens do Che e a música de John Lennon.
Muito do que vivemos tende a ser um déjà vu, uma reedição do já vivido, já que não
há esperança de um horizonte superador. O presente se faz presente mediante uma
cópia do passado. A falta de compromisso com a circunstância presente é tão
débil que a única âncora é o passado.
7. O estilo deste mundo é o estilo do
hiperindividualismo:
Luc Ferry chama o nosso tempo de a época do "ultraindividualismo",
Pascal Bruckner o tem batizado como "superindividualismo" e os
sociólogos norte americanos, como Lash, o denominam "narcisista".
Lipovetsky qualifica este período de "segunda revolução individualista"
ou passagem do individualismo limitado que inaugurou o século XVIII, para o
individualismo total. Na atualidade, segundo Touraine, não se trata de buscar o
sentido no mundo, mas o sentido de "minha" vida. O sistema o modelo da
personalização dos artigos (customizados) para neutralizar o mal estar que
padeciam os consumidores ao ser tratados em série, dentro do tosco capitalismo
anterior. O capitalismo de consumo ofereceu grandes quantidades de objetos para
aumentar a sensação de bem estar, mas agora, o capitalismo de ficção procura
aumentar a impressão de "ser alguém". O sistema não se ocupa
diretamente de nos fazer gastar muito, mas de nos fazer crer que no quanto
valemos. A marca não se impõe, mas coopera em fazer o "eu"; as
empresas não pressionam para que gastemos para seu proveito, mas para que
invistamos, sobre tudo, em nós mesmos. Na política já não se trata de construir
uma ideologia determinada e forte, mas de acomodar-se às solicitações do
eleitorado. Na nova psicoterapia, altamente pragmática, se renuncia em
prescrever uma mudança nas condutas do cliente, se tal correção o incomodar: o
melhor é recorrer aos medicamentos. Custa, para as empresas, quatro ou cinco
vezes mais captar um novo cliente do que conservar ao que tem, assim que, sobre
tudo deve-se cuidar de não espantá-lo. O bombardeio de conselhos (livros de
auto ajuda, anúncios publicitários, recomendações medicas, opiniões midiáticas)
tudo para desenhar interminavelmente um outro eu melhor. Paradoxalmente a
centralidade no eu, é acompanhada da falta de uma identidade clara. Hoje há uma
aglomeração de "eus" substitutos e contraditórios. No capitalismo de
ficção, não se fala de classes sociais, mas de classes de vida. A luta de
classe foi sucedida pela luta para ser eu, e a luta pela revolução tem
continuado no afã para que ser alguém. O escritor Walter Truett Anderson dá
quatro termos que os pós modernistas usam para falar do eu ou das múltiplas
identidades. O primeiro é multifrenia. Isso se refere às muitas vozes
diferentes em nossa cultura que nos dizem quem somos e o que somos. O pós
modernismo diz que não há uma personalidade íntegra, mas multiplicidade de
personalidades. Em definitivo, não podemos saber muito bem quem somos. O
segundo termo é proteano (vem do deus Proteo, um deus marinho conhecido por sua
capacidade de metamorfose). O eu proteano é capaz de mudar constantemente para
adequar-se às circunstancias atuais. "Pode incluir mudar de opiniões
políticas e de comportamento sexual, mudar de idéias e da forma de expressá-las,
mudar formas de organizar a própria vida". Em terceiro lugar, Anderson
fala do eu descentralizado e significa que não existe nenhum eu. O eu está
sendo redefinido constantemente, e sofrendo mudanças. O quarto termo é o
eu-em-relação. Significa que não vivemos nossas vidas como ilhas enquanto a nós
mesmos, mas em relação a pessoas e a certos contextos culturais. Para entender
a nós mesmos, necessitamos entender os contextos de nossas vidas. Se juntarmos
esses quatro termos, temos a imagem de uma pessoa que não tem nenhum centro,
mas que está sendo jogada em muitas direções diferentes, e está constantemente
mudando e sendo definida externamente pelas diferentes relações que tem com os
outros. Antes de acreditava que a nossa meta devia ser alcançar a integridade.
O pós modernismo diz: impossível. O desenvolvimento da assistência
psiquiátrica, a proliferação de antidepressivos, o enorme consumo de sedativos
e pílulas da felicidade é correspondente com essa patologia que o
hiperindividualismo tem espalhado por nossa sociedade. O indivíduo atemorizado
por desaparecer no "coletivo" e desesperado pela falta de comunidade.
Lutando para evitar ser homogêneo e sofrendo, paralelamente, ao peso do culto
ao eu. Nesse hiperindividualismo, o cliente é que determina tudo no mundo de
hoje.
Os
executivos das produtoras de televisão, das editoras, das industria
cinematográfica, assistem a cursos sobre estrutura narrativa, com o propósito
único de satisfazer o gosto do público, e então, a partir do que aprendem,
fazem as correções às obras que os roteiristas, escritores e compositores lhes
entregam. Hoje as produções, não são de um autor, mas de equipes de trabalho
que se propõe criar um produto que satisfaça ao gosto do povo. Os artistas de
antes tentavam explorar novos mundos e provocavam estupefação ao comunicar ao
público suas descobertas, porque iam além daquilo que era compreendido pela
gente, viam o que os outros não viam, eram profetas, e por fim alardeavam não
serem compreendidos. Mas os artistas de hoje, não pretendem trazer revelação do
novo, pois sua tarefa é reelaborar o conhecido e aceito, e o grande esforço é
comunicar o que fez. Ser hoje um incompreendido não aumenta os ganhos dos
autores, ao contrario isso termina com eles. Os artistas concentram seus sonhos
em difundir-se massivamente, a ponto que quando faz algo que "pega",
se verá obrigado a repetir-se sem cessar. O artista procura ser aplaudido e não
ser incompreendido, pretende ser um sucesso na mídia, incorporar-se a esse
mundo de mídia. Os artistas não querem ser profetas nem passar para a história,
o que querem é entrar no mundo.
8. O estilo deste mundo substitui a ética pela
cosm-ética:
O capitalismo de ficção quer mostrar uma imagem bondosa. Hoje se entregam
etiquetas de boa conduta para as empresas que colaboram com o ambiente, não
(super)exploram aos empregados e não manipulam a contabilidade. As
universidades dão aulas de ética nos negócios. Na prática a maior parte das
empresas não se comporta muito diferente das de trinta anos atrás, mas se
submetem a um diagnóstico, para aparecer como limpas. O mais importante não é
cumprir as obrigações com as autoridades, constantemente subornadas, nem diante
dos sindicatos, mas diante da opinião pública, com uma imagem de militância
moral por meio do marketing com causa. No plano individual a relatividade ética
tem se convertido em anomia (ausência de normas). Diante da sexualidade a pós
modernidade tem subido os decibéis a mui altas cotas de promoção e consumo,
doses fortes de erotismo e de vulgarização genital. Há toda uma apologia do
hedonismo focalizado na sexualidade, tudo muito bem estudado, programado e
oferecido com persistente vigor. O sexo tem se convertido em consumo de massas
mediante a web-pornografia , a telefonia erótica, os classificados de encontros,
os vídeos, as telenovelas; o consumo de sexo, não somente tem se intensificado,
como tem ganho em precocidade. Podemos dizer que a pós modernidade vive a
"toda sexualidade", a toda "ressurreição da carne". Com um
efeito paradoxal: a exposição da intimidade na totalidade anula a intimidade e
faz desaparecer o objeto. Porque uma vez que se explora exaustivamente todo o
campo, uma vez que a pupila tenha chegado ao cúmulo do mais explícito, a visão
se vela. A total visão do visível anula a excitação e o resultado é uma fartura
onde agoniza o desejo pelo objeto. Paralelamente há uma crise da
heterossexualidade. A homossexualidade não só é aceita, mas está perdendo
significação, precisamente pelo êxito alcançado em permear a cultura, e então
já não é mais chamativo. Dois sexos são poucos sexos, inclusive, três é uma
quantidade exígua. O atual, de acordo com as últimas tendências, é ser queer
(extravagante). Para esses não existe uma identidade sexual determinada, mas
mil gradações do sexo.
Parte – 2 - (Carlos Miramda)
II. O estilo da igreja contemporânea:
A igreja vive em uma tensão permanente entre estar
no mundo e ser do mundo. É a tensão cultural. E lamentavelmente ao longo dos
séculos o povo de Deus, desde Abraão até hoje, está nessa luta e muitas vezes
cai no que chamo de cativeiro cultural da igreja.
Se esta apresentação tivesse sido feita por um sociólogo e não por um pastor, seguramente não haveria separado este ponto do anterior, mas, assim como ilustramos cada uma das características do estilo de nosso mundo com comentários sobre arte, moda, política, economia, comércio, da mesma maneira, se poderia incluir o elemento igreja, já que lamentavelmente o estilo contemporâneo não apresenta uma contracultura, mas manifesta uma adaptação cultural invejável para qualquer antropólogo cultural. É claro que existem aspectos positivos na igreja contemporânea. Mas nesse segundo ponto vou marcar os negativos, ou ao menos os riscos que a igreja corre hoje por estar debaixo do cativeiro cultural.
1. O estilo da igreja contemporânea é o da teologia débil: O capitalismo com sua nova cosmética suave, se manifesta na igreja, que hoje em dia privilegia a aparência, de estilo suave. Hoje vivemos no tempo da igreja arty (artística), friendly (amigável), slow (devagar). Um Evangelho sem Reino, e sem Rei. Um evangelho sem demandas, sem compromissos. O protestantismo (igrejas protestantes e evangélicas) de hoje, tem duas vertentes ou manifestações, no que diz respeito a essa suavidade, essa brandura. Por um lado, uma parte do povo de Deus, herdeiro do movimento pentecostal-carismático, mantém, por causa disso, a busca da experiência, mas tem perdido a solidez bíblica, privilegia o alcance das pessoas em prol do crescimento numérico, mas despreza o discipulado e o crescimento em qualidade. Oferece espiritualidade somente do coração, mas não da cabeça. É mais terapêutica (conforto emocional) que teológica (espiritualidade que afeta a integralmente vida). Não há didaché, e portanto a gente não sabe o que é bom ou mal. Emociona-se, se entretêm mas não se transforma. O produto que sai é um cristão ligth, com uma vida superficial, fraca e um compromisso débil, sem poder de transformação para a própria vida e muito menos para a sociedade. Por outro lado estão os que, mais ligados a modernidade, assumem a pós modernidade como desdobramento daquela, e falam de uma teologia débil, em termos de esvaziamento do sobrenatural, sem intervenção divina na história, sem o milagroso e poderoso . Ambas vertentes tem algo em comum, que é um evangelho sem reino.
Se esta apresentação tivesse sido feita por um sociólogo e não por um pastor, seguramente não haveria separado este ponto do anterior, mas, assim como ilustramos cada uma das características do estilo de nosso mundo com comentários sobre arte, moda, política, economia, comércio, da mesma maneira, se poderia incluir o elemento igreja, já que lamentavelmente o estilo contemporâneo não apresenta uma contracultura, mas manifesta uma adaptação cultural invejável para qualquer antropólogo cultural. É claro que existem aspectos positivos na igreja contemporânea. Mas nesse segundo ponto vou marcar os negativos, ou ao menos os riscos que a igreja corre hoje por estar debaixo do cativeiro cultural.
1. O estilo da igreja contemporânea é o da teologia débil: O capitalismo com sua nova cosmética suave, se manifesta na igreja, que hoje em dia privilegia a aparência, de estilo suave. Hoje vivemos no tempo da igreja arty (artística), friendly (amigável), slow (devagar). Um Evangelho sem Reino, e sem Rei. Um evangelho sem demandas, sem compromissos. O protestantismo (igrejas protestantes e evangélicas) de hoje, tem duas vertentes ou manifestações, no que diz respeito a essa suavidade, essa brandura. Por um lado, uma parte do povo de Deus, herdeiro do movimento pentecostal-carismático, mantém, por causa disso, a busca da experiência, mas tem perdido a solidez bíblica, privilegia o alcance das pessoas em prol do crescimento numérico, mas despreza o discipulado e o crescimento em qualidade. Oferece espiritualidade somente do coração, mas não da cabeça. É mais terapêutica (conforto emocional) que teológica (espiritualidade que afeta a integralmente vida). Não há didaché, e portanto a gente não sabe o que é bom ou mal. Emociona-se, se entretêm mas não se transforma. O produto que sai é um cristão ligth, com uma vida superficial, fraca e um compromisso débil, sem poder de transformação para a própria vida e muito menos para a sociedade. Por outro lado estão os que, mais ligados a modernidade, assumem a pós modernidade como desdobramento daquela, e falam de uma teologia débil, em termos de esvaziamento do sobrenatural, sem intervenção divina na história, sem o milagroso e poderoso . Ambas vertentes tem algo em comum, que é um evangelho sem reino.
2. O estilo da igreja
contemporânea é do evangelho mcdonalizado: O McWorld está colonizando a igreja com seus
valores: individualismo, marcado por um evangelho de auto ajuda com sua
experiência espiritual intimista, egocêntrica; consumismo, alimentado por uma
religiosidade de consumo que busca a auto-satisfação; materialismos com a
versão do evangelho da prosperidade e a sedução do dinheiro e do poder do que
são vitimas tantos pastores e líderes. As cadeias de televisão cristãs que
retransmitem seus programas em dezenas de países do mundo, são um veículo
privilegiado para a transmissão do evangelho cultural norte americano, e que
produzem em todo o mundo uma igreja que reflete os valores da cultura pós
moderna imperante do que os valores do Reino, e semeia nos corações dos crentes
do mundo não desenvolvido aspirações que é relacionado mais com o American
Dream e o critério de progresso norte ocidental, que com o shalom de Deus. Como
alguém falou: a semente do evangelho foi plantada na Palestina, dali viajou
para a Europa, dali para os Estados Unidos e dali, junto com a semente, veio o
vaso completo. Na America Latina recebemos as piores versões desse evangelho
macdonalizado de sabor norte americano, através da mediação de certos
ministérios centro e sul americanos, os quais, aos valores do McWorld, agregam
sua cota de autoritarismo, ostentação, manipulação, típicos de nossa cultura
hispanoamericana.
3. O estilo da igreja
contemporânea é o do novo protestantismo de ficção: Eu encontro um paralelismo entre
o desenvolvimento do capitalismo em suas três fases, capitalismo de produção,
de consumo e de ficção, com o desenvolvimento do protestantismo desde a
revolução industrial até o dia de hoje. O capitalismo de produção tem como seu
correlato um protestantismo pietista, com sua ênfase na razão, no esforço, na
renúncia, na ética pessoal. Esse protestantismo enfatizou a doutrina, o dogma,
produziu as denominações, os seminários, as missões modernas. Depois, a partir
do século XX, lhe seguiu um protestantismo pentecostal-carismático, correlato
do capitalismo de consumo, e que foi privilegiando a experiência no lugar da
razão, que promoveu uma busca do bem estar espiritual, físico e material, em
lugar do sacrifício, do esforço e da renúncia. O eixo da missão passa para as
campanhas massivas. As denominações entram em crise e crescem as chamadas
igrejas independentes. E hoje o correlato do capitalismo de ficção é o
protestantismo de ficção, compartilhando metodologias e valores: o eixo da
missão passa pelos meios de comunicação, promove-se o bem estar emocional,
reforça-se o euismo, a brandura ética e de pensamento, a afirmação pessoal e o
crescimento numérico eclesial. Sabendo que toda generalização é injusta, o
quadro a seguir pode nos ajudar:
Protestantismo pietista
|
Protestantismo Pentecostal-carismático
|
Protestantismo de ficção
|
|
Ênfase
|
Razão, ética individual.
|
Experiência espiritual
|
Bem estar emocional individual
|
Características
|
Entrega, abnegação, sacrifício, renúncia.
|
Devoção, pregação, dons, manifestação de poder
espiritual
|
Sentir-se bem, progredir, conquistar, busca de
poder político e material
|
Poder
|
Do esforço e da autodisciplina
|
Sobrenatural por meio do Espírito Santo
|
Político, numérico e material
|
Ministério
|
Pastor visitador e missionário
|
Pastor evangelista
|
Pastor homem de mídia e gerente
|
Organização
|
Denominações
|
Igreja independente
|
Célula: igreja celular e igreja emergente
|
Eixo da missão
|
Plantação de igrejas
|
Campanhas massivas de milagres
|
Igrecrecimiento
TV e outros meios
|
Verdade
|
Resultante da exegese bíblica.
Dogma.
|
Resultante da revelação do Espírito.
Experiência.
|
Resultante de um pragmatismo individualista e
relativista
|
4. O estilo da igreja
contemporânea é o do espetáculo e a diversão: Nos tempos de Jesus, haviam feito de sua casa de
oração, um mercado. Em nosso tempo temos feito de nossos cultos shows, e de
nossos templos sets de televisão. E isso não estaria mal se não fora porque
refletimos como igreja esse estilo festeiro. Somente a modo de ilustração, um
dos eventos espirituais mais numerosos e impactantes da história da Argentina,
não foi presidido por um pastor, mas por um imitador cômico, e não houve
canções de adoração, mas números musicais de artistas de certa fama secular.
Porque um imitador e não um pastor? Porque tudo que ser divertido. Porque
artistas seculares e não adoradores? Porque o que se quer é dar um bom show. Em
dimensões menores, sucede a mesma coisa em muitas congregações. Um bom pregador
é o que faz muita graça, e ele é apresentado não como pregador, mas como
“comunicador dinâmico”. Porque tudo tem que ser divertido. Em muitos países, a
gente assiste mais a congressos onde os que ministram são cantores e não
pastores. E não importa o que se transmite em termo de conteúdo, porque o que
interessa é que the show must go on (o espetáculo precisa continuar). Em reação
a isso, surgem novas formas cultuais como as das diferentes igrejas emergentes
. Mas, outra vez, a reação não é produto de uma reflexão bíblico-teológica, mas
motivada por uma compreensão e assimilação da pós modernidade. Assim o
templo-set de televisão da mega igreja é substituído pela sepultura da oração,
que se converte em outra cenografia de ficção para uma igreja que tem que
seguir os mandatos da sociedade pós moderna, onde tudo é show.
5. O estilo da igreja contemporânea
é o do evangelho infantil: O cristão médio de hoje em dia é resistente aos sacrifícios e a espera.
É exigente do bem estar a curto prazo. A geração atual professa o que Giles
Lipovetsky chama uma ética indolor . Uma vida que pede satisfações sem entregar
nada importante em troca e menos ainda se for adiantado (antes de receber o que
pediu). O altar não é lugar de morte, mas de recompensas. Os cristãos são
vitimas dos mesmos males dos não cristãos, como compra compulsiva e a desordem,
como alguns dos traços de uma cultura em que o eu infantil é entronizado. O
querer-se a si mesmo acima de tudo, amar a criança que temos dentro de cada um.
O passar por cima dos erros e reforçar suas conquistas e diverti-los
continuamente. A super ênfase na cura interior como uma volta permanente à
infância. A postergação indefinida nos jovens para assumir compromissos
afetivos, como parte de sua evidente resistência a ser adultos. A escassez de
compromisso pela transformação social. As sérias dificuldades nos adultos em
assumir responsabilidade. O pensamento mágico que espera que Deus faça o que o
crente deve fazer. O negar-se a tomar conta de sua própria vida. O turismo
congregacional, que faz com que os crentes vivam trocando constantemente de
igreja, segundo o show ou o serviço que lhe ofereçam, evitando, dessa forma ser
discipulados. A liderança pastoral com fantasias infantis de ser “o” homem de
Deus para a cidade. São algumas das características de uma igreja que reflete
uma cultura infantil.
6. O estilo da igreja
contemporânea é o do evangelho falsificado: A igreja não está isenta da influência do mundo da
falsificação, da cópia, da franquia. Há um pseudo evangelho que não requer que
as pessoas mudem, ainda que Jesus Cristo disse que temos que nos converter. Não
requer compromisso, basta emocionar-se. Eu posso continuar sendo o centro de
minha vida, poso continuar mandando na minha vida. Isso é muito mais barato do
que o que Jesus pretende: “o que quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome
a sua cruz a cada dia e siga-me”. Negar-me a mim mesmo, crucificar meu
egocentrismo a cada dia e segui-lo? A cópia é mais econômica. E como é um
evangelho sem reino, confunde-se crescimento numérico com extensão do Reino. O
problema com essa visão é que em Buenos Aires, nos últimos 20 anos quase todas
as congregações têm crescido, mas o estado da cidade é significativamente pior
que 20 anos atrás. Isso significa que ao fazer uma análise do estado
espiritual, moral, econômico, social, educativo da cidade, não vemos que o
Reino de Deus tenha se estabelecido apesar do crescimento numérico.
Em prol do crescimento numérico da igreja e a partir de uma visão pragmática da realidade, copiam-se receitas do que funciona em outras latitudes. E o fenômeno próprio da globalização das franquias, se repete hoje na igreja. E afirma-se rotundamente, “A visão não se adapta, mas se adota”. Como o objetivo da globalização é a homologação pela via da homogeneização, todos tem que trabalhar para a visão do pastor, e ao cabo de alguns anos, se a visão teve êxito, o único realizado, prosperado e satisfeito é o pastor, enquanto isso há um povo empobrecido, sem desatar seu potencial, sem concretizar seu propósito. Claro que para que se cumpra a visão é necessário a super-visão. E em um contexto como o latino americano isso significa autoritarismo, controle, manipulação. Em algumas congregações há um tipo de Grande Irmão, com uma supervisão própria das seitas. Porque a visão justifica tudo. Ainda que passar por cima das visões pré existentes, isto é, as visões do Reino, como por exemplo: que sejam um para que o mundo creia. “A unidade não importa, porque não posso negociar a visão que Deus me deu.”
Em prol do crescimento numérico da igreja e a partir de uma visão pragmática da realidade, copiam-se receitas do que funciona em outras latitudes. E o fenômeno próprio da globalização das franquias, se repete hoje na igreja. E afirma-se rotundamente, “A visão não se adapta, mas se adota”. Como o objetivo da globalização é a homologação pela via da homogeneização, todos tem que trabalhar para a visão do pastor, e ao cabo de alguns anos, se a visão teve êxito, o único realizado, prosperado e satisfeito é o pastor, enquanto isso há um povo empobrecido, sem desatar seu potencial, sem concretizar seu propósito. Claro que para que se cumpra a visão é necessário a super-visão. E em um contexto como o latino americano isso significa autoritarismo, controle, manipulação. Em algumas congregações há um tipo de Grande Irmão, com uma supervisão própria das seitas. Porque a visão justifica tudo. Ainda que passar por cima das visões pré existentes, isto é, as visões do Reino, como por exemplo: que sejam um para que o mundo creia. “A unidade não importa, porque não posso negociar a visão que Deus me deu.”
7. O estilo da igreja
contemporânea é o do hiperindividualismo: O indivíduo é o centro, ainda que não tenha uma
identidade definida. No modelo de múltiplos eus, equivale a ter múltiplas
identidades cristãs, que é o mesmo que dizer a falta de identidade cristã. Os
cristãos pós modernos são como um Lego. Ótimo para as alianças voláteis e o
sincretismo. Na igreja de hoje também quem manda é o “cliente” . Os programas
são resultado de estudo de mercado, como se o Evangelho do Reino de Deus fora
um produto para ser vendido, e para ser adaptado para que possa ser aceito pela
massa. Qualquer coisa que ofenda aos consumidores desse evangelho, deve ser
suprimido. Algumas igrejas, para dar satisfação ao consumidor, procuram não
falar de pecado, nem de santificação, nem de negação, mas enfatizam os
benefícios temporais de ser cristão, pondo o consumidor no centro, no lugar de
Deus. A mensagem está mais centrada em aliviar o stress que no seguir a pessoa
de Cristo. O movimento “Sensíveis aos que Buscam” que envolve um grande numero
de mega igrejas nos Estados Unidos e em outras partes do mundo, tem ensinado
que se as igrejas quiserem crescer devem se transformar em igrejas sensíveis e
adequadas ao perfil e aos gostos dos que estão em busca de uma igreja. Isso tem
alguns aspectos positivos, mas também significa pregar sobre o amor e não sobre
o pecado; ensinar sobre o pensamento positivo e a auto ajuda; investir em
conforto em instalações de entrenenimento; ser mais tolerantes com o
comportamento dos membros, substituir a adoração comunitária pelo canto de
artistas. Para muitos pastores a meta não é ser parte de um avivamento, mas ser
famosos mediáticos. Não buscam transformar a cultura, mas serem aceitos por
ela. Não se busca ser profetas, mas grandes comunicadores.
8. O estilo da igreja
contemporânea é o da substituição da ética pela cosm-ética: O deus do cristão pós moderno
não pode ser muito exigente. Posto que o indivíduo pós moderno obedece a
lógicas múltiplas, sua postura religiosa também tem lógicas múltiplas. Como é
um evangelho sem Reino, não há normas absolutas, tudo é relativo. Assim temos,
só para mencionar um exemplo, milhares de pastores presos na pornografia via
internet, graças ao que os americanos chamam de o Triplo A: anonimity
(anonimato), Access (acesso fácil), affordability (preço baixo). A palavra
pornografia, deriva de perné escravo. E porné era a forma de chamar as
prostitutas e aos escravos dos quais se podia aproveitar sexualmente. O fato é
que temos que ir contra um mundo governado por um espírito de imoralidade, com
uma igreja liderada em boa parte por escravos desse mesmo espírito. O estilo da
igreja contemporânea salmodia uma felicidade intimista e materialista e a
satisfação dos desejos imediatos, com um cristianismo do posdever (não há mais
que se responsabilizar por nada) que privilegia o bem estar em detrimento do
bem. Uma fé apartada do dever austero, cosmetizada de “bêncão”.
Parte – 3 - (Carlos Miramda)
III.
O estilo do Reino:
Peço
desculpa porque a apresentação aparece como sendo muito negativa quanto ao
estado da igreja. Como disse, existe, claro, aspectos muito positivos na igreja
de hoje. Mas me concentrei no negativo, não só por razoes de espaço, mas por
causa da missão dada por Paulo a Tito: “Por esta causa te deixei em Creta, para
que corrigisse o deficiente, e estabelecesse anciãos em cada cidade, assim como
te mandei” e sobre tudo pelo chamado que há sobre a Igreja. Estou usando a
palavra estilo, não só por que é a palavra usada pela pós modernidade, como foi
explicado anteriormente, mas porque deriva da palavra grega stylo, mas por que
é a palavra usada por Paulo quando escreve a Timóteo e lhe diz: “se tardo,
saiba como se deve conduzir na casa do Deus Vivo, coluna (stylo) e baluarte da
verdade” (1Tm 3:15). Então estou usando a palavra estilo não no sentido de
moda, ou simples aparência, mas no sentido de coluna. Esse é o chamado da
Igreja, ser coluna (stylo) da verdade. O problema é que se a Igreja em lugar de
ser coluna (stylo) da verdade, é coluna (stylo) da cultura predominante, é
impossível que o Reino se estabeleça em realidade. Por isso a igreja deve
refletir o estilo do Reino e ser livre do cativeiro cultural. As Parábolas de
Mateus 13 foram ditas por Jesus, para que nos fosse dado conhecer os mistérios
do Reino, e o reflitamos.
1. O estilo do Reino é como a boa terra: Diante do pensamente débil e seu correlato da teologia débil, o reino de Deus é semelhante a semente da Palavra que cai em boa terra: “Mas o que foi semeado em boa terra, este é o que ouve e entende a palavra, e dá fruto; e produz a cem, a sessenta e a trinta por um” (MT 13:23). O cativeiro cultural do qual a igreja é vitima, tem feito com que a Bíblia perca sua centralidade. Mas segundo Jesus, a receptividade e a obediência à palavra, é o que determina o tipo de terreno, e o fruto correspondente. O evangelho será contracultura com poder de transformação unicamente se a Palavra tem status de Verdade. Do contrário, não só a igreja perde seu poder libertador, como termina cativa de uma cultura onde nada é verdade absoluta. “Cuidem de que ninguém os cative com a vã e enganosa filosofia que segue tradições humanas, e que vai de acordo com os princípios deste mundo e não conforme a Cristo” (Cl 2.8 NIV). Diante uma sociedade que se derruba a partir da erosão do conceito da verdade, a igreja deve recuperar seu chamado para ser coluna (stylo) da verdade.
1. O estilo do Reino é como a boa terra: Diante do pensamente débil e seu correlato da teologia débil, o reino de Deus é semelhante a semente da Palavra que cai em boa terra: “Mas o que foi semeado em boa terra, este é o que ouve e entende a palavra, e dá fruto; e produz a cem, a sessenta e a trinta por um” (MT 13:23). O cativeiro cultural do qual a igreja é vitima, tem feito com que a Bíblia perca sua centralidade. Mas segundo Jesus, a receptividade e a obediência à palavra, é o que determina o tipo de terreno, e o fruto correspondente. O evangelho será contracultura com poder de transformação unicamente se a Palavra tem status de Verdade. Do contrário, não só a igreja perde seu poder libertador, como termina cativa de uma cultura onde nada é verdade absoluta. “Cuidem de que ninguém os cative com a vã e enganosa filosofia que segue tradições humanas, e que vai de acordo com os princípios deste mundo e não conforme a Cristo” (Cl 2.8 NIV). Diante uma sociedade que se derruba a partir da erosão do conceito da verdade, a igreja deve recuperar seu chamado para ser coluna (stylo) da verdade.
2. O estilo do Reino é como uma semente que cresce: Perante uma
sociedade infantilizada, o Reino cresce, dá fruto. Quando a igreja reflete o
estilo do mundo, e deixa de ser expressão da cultura do Reino, mantém seus
membros em infância espiritual. Segundo Gálatas 4, a infantilidade espiritual
faz que, sendo senhor de tudo, o crente viva como escravo. Assim temos um povo
de Deus chamado para ser cabeça da realidade, mas que vive como cauda, que
brinca nos cultos pondo o diabo a seus pés, mas experimenta a opressão em sua
vida familiar, econômica e na sociedade toda. Um povo empobrecido, que brinca
às escondidas, fugindo da realidade. Porém, na cultura do Reino tudo nasce
pequeno, mas tudo cresce, amadurece, atinge propósito, cumpre sua missão de
transformação. Muito do terreno da igreja está junto do caminho, sem raízes,
entre pedras e entre espinhos. Três manifestações de imaturidade. O problema é
que enquanto a igreja permaneça na infância, seguirá em cativeiro cultural:
“Assim também nós, quando éramos meninos, estávamos em escravidão debaixo dos
rudimentos do mundo” (Gl 4:3). É preciso guiar o povo de Deus a maturidade a
partir dos princípios do Reino “Para que não sejamos mais meninos inconstantes,
levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com
astúcia enganam fraudulosamente” (Ef 4:14). O crescimento numérico tão
espetacular da igreja nos países não desenvolvidos não tem sido acompanhado de
um crescimento integral. E outra vez, o deterioro do conceito da verdade é
chave, e a restauração da centralidade da Palavra se torna indispensável: “mas
seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que o cabeça, isto é,
Cristo”. A distorção do que é bom e do que é mal dentro do povo de Deus e ainda
dos pastores é conseqüência dessa imaturidade: “Porque qualquer que ainda se
alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino
mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm
os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal” e isso resulta
em uma incapacidade para ser instrumentos de justiça no mundo. Por isso a
igreja deve recuperar seu papel de coluna (stylo) da verdade do Reino.
3. O estilo do Reino é como o trigo: Diante da
substituição da ética pela cosm-ética, o Senhor não nos manda arrancar aos
maus, mas que cresça o trigo. A distinção tem que ser evidente. Deve-se
manifestar uma contracultura, a do Reino. Precisa-se voltar a enfatizar a
necessidade de ser um povo diferente, de maneira que haja opção para o mundo. O
cristianismo como uma verdadeira “contracultura”, é viver o evangelho e o
cristianismo como a verdade a partir da qual se articulam todas as áreas de
nosso viver. Tudo está permeado pelo Reino, tudo está sujeito a ele. É muito
mais do que concordar com um dogma e a algumas práticas. Trata-se de uma
cosmovisão diferente, a partir da verdade de Deus. Porque toda transformação
vem por meio da renovação do entendimento de um povo que não se conforma com
este mundo (Rm 12:2-3). A igreja coluna (stylo) da verdade do Reino. Porque nossa
verdade não é uma verdade entre muitas. É a verdade, Jesus Cristo, a verdade
que nos faz livres. Hoje a igreja não é uma contracultura, mas uma subcultura
do mundo, isto é, não algo diferente da cultura pós moderna imperante, mas a
mesma cultura com algumas características próprias de grupo. Desta forma
perdemos a capacidade de salgar e iluminar. Jesus não constituiu uma comunidade
sub cultural dentro do judaísmo de seu tempo, mas uma comunidade
contracultural, absolutamente revolucionária, a partir dos mandamentos do
Sermão do Monte. Mas muitas dessas coisas não se ensinam mais na igreja. Como
escreveu John Stott, em relação a uma juventude desencantada que busca algo
diferente “constantemente o que vêem na igreja não é uma contracultura, mas um
conformismo; não uma sociedade que encarna os ideais que eles têm, mas uma
outra da antiga sociedade a qual têm renunciado; não vida, mas morte. Hoje
atribuiriam à igreja o que Jesus disse de uma igreja no primeiro século: ‘Tens
nome de quem vive, e estás morta’”.
4. O estilo do Reino é como a semente de mostarda: Benjamin Barber em
seu livro Jihad vs. McWorld argumenta que as duas forças maiores que determinam
o futuro da humanidade são as forças da globalização (McWorld) e a da
fragmentação (Jihad) e que praticamente a gente deve escolher entre uma e outra
. Não devemos resignar-nos a uma mcdonalização do evangelho, nem assumir um
fundamentalismo integrista. Nós não temos que escolher entre essas duas forças.
Porque Jesus ensinou que há uma terceira força que está operando no mundo: o
Reino de Deus que está trabalhando por meio do poder subversivo da semente de
mostarda e que faz nova todas as coisas . A igreja deve ser a coluna (stylo)
dessa verdade.
5. O estilo do Reino é como o fermento: Em face a um
protestantismo de ficção, devemos recuperar a capacidade transformadora do
fermento que teve a Reforma, a capacidade expansiva do fermento que houve no
pietismo com seu movimento missionário, a capacidade levedante do
protestantismo Pentecostal-carismático. O resgate dessas três dimensões
produziria um verdadeiro avivamento. Um mover do Espírito, que enche a terra e
que produz transformações que afetam as gerações seguintes (“mostrar nos
séculos vindouros” ). A mentalidade e a teologia de conquista, tão popular hoje
na igreja latino americana, posiciona o cristianismo não como cultura
redentora, mas com a pretensão de cultura dominante. Deixa de ser cristianismo
para converter-se em cristandade, deixa de ser fermento para converter-se em
massa. A categoria de conquista é velho testamentária. A categoria do Novo
Testamento é a redenção, não a conquista. Na América Latina devemos aprender de
cinco séculos com uma igreja que conquistou mas não redimiu. Devemos ser livres
desse cativeiro cultural e ser coluna (stylo) da verdade redentora do
evangelho.
6. O estilo do Reino é como um tesouro escondido: Diante do estilo
da diversão que só desencanta e some na apatia pós moderna, o que encontra o
tesouro escondido do Reino volta gozoso, vende tudo para comprar o campo. A
igreja deve liberar-se dessa cultura do show e de que tudo deve ser divertido.
Como diria Mamerto Menapace, devemos diferenciar claramente entre estar
divertido e estar contente. Em latim contentus significa conteúdo. Por exemplo:
a água que está em um vaso está contida, contente. Enquanto que se eu a
derramo, essa água está di-vertida, sem contenção. O Reino produz
contentamento, não diversão.
7. O estilo do Reino é como una pérola de grande valor: Diante da cópia
falsa, ou pseudo evangelho, manchado de busca de poder humano, político,
numérico, os “comerciantes” devemos deixar de buscar essas pérolas falsas, e
vender tudo para comprar a pérola do Reino. Não é o poder político o que
transformará a realidade, não é o poder numérico que impactará a cidade, não é
o poder econômico que posicionará a igreja como cidade edificada sobre um
monte. É o poder do Reino, o poder de uma igreja que vive diferente, o poder da
pregação da verdade eterna, da qual é coluna (stylo), o poder espiritual de uma
igreja que vê nas ruas os milagres e sinais que respaldam a palavra, o poder de
uma igreja unida que vive com autenticidade o amor que declama.
8. O estilo do Reino é como uma rede: Em face a um mundo
fragmentado e hiperindividualista , o reino de Deus é como uma rede. Esse avivamento
liderado pelo Espírito Santo, de alcance mundial, com poder transformador de
vidas e estruturas sociais, e que transcende às gerações seguintes, requer de
uma igreja unida: que sejam um para que o mundo creia. A unidade não é um
adorno da igreja, mas um requisito, uma coluna (stylo) da verdade e do
avivamento. O Reino de Deus é singular, e sua agência principal, a igreja em
cada cidade, também é uma. Em um mundo de confrontações culturais, a igreja
deve apresentar um modelo diferente, do qual ela é exemplo. Essa condição de
exemplo ainda está pendente. Sem essa expressão visível da unidade que Cristo
ganhou na cruz, nossa mensagem, perde singularidade, e se converte em uma
mensagem a mais.
Parte – 4 - (Carlos Miramda)
Conclusão
– Uma agenda apostólica:
Jesus
veio implantar uma nova cosmovisão, una nova cultura (crenças, valores e
comportamentos). Essa cultura é a do Reino. Por isso ensinou a orar: Venha teu
Reino, seja feita tua vontade na terra como no céu. Creio que a chave para que
a igreja volte a ser coluna (stylo) da verdade é restauração completa das
colunas (styloi) da igreja, que são os apóstolos: “Com efeito, Tiago, Pedro e
João, que eram considerados colunas (styloi), reconhecendo a graça que eu havia
recebido, nos estenderam a destra a Barnabé e a mim em sinal de companheirismo.
De modo que nós fossemos aos gentios e eles aos judeus” (Gl 2:9). Somente como
sugestões que ilustram o ponto, permitam-me dar oito pistas do que creio ser
urgente para que a igreja reflita a cultura do Reino, e não a cultura imperante
do mundo, para que seja verdadeiramente coluna (stylo) da verdade:
1. Um ministério apostólico que trabalha
prioritariamente pela unidade da igreja em cada cidade: Segundo o Novo
Testamento há uma só igreja em cada cidade. Segundo Jesus a unidade é requisito
para o avivamento: que sejam um para que o mundo creia. Quanto mais na
sociedade fragmentada do mundo pós moderno. Segundo Efésios 3, esta tarefa
apostólica, não tem relação direta com o tamanho do ministério de alguém em uma
cidade, mas com a revelação recebida do mistério da igreja, como um só corpo em
uma cidade: “Como me foi este mistério manifestado pela revelação... O qual
noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem sido
revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas... A mim, o mínimo
de todos os santos” (Efesios 3.3,5-6,8). A unidade da igreja em sua cidade deve
ser prioridade na agenda de um apóstolo.
2. Um ministério apostólico que estabeleça o
presbitério da cidade: Essa unidade será impossível se os ministérios
apostólicos em uma cidade não se integram com uma visão do Reino e estabeleçam
o presbitério da cidade, agrupando a todos o pastores da cidade para começar a
funcionar como estabelece Efésios 4, segundo os ministérios, para que a igreja
da cidade cumpra seu ministério na cidade. Em muitas partes do mundo tem-se
avançado na unidade por meio da formação de Conselhos e Fraternidades de
Pastores. Esse tem sido um passo que coopera para a unidade. Mas ainda é
insuficiente para poder concretizar a unidade. O modelo dessas responde a uma
visão mais institucional que espiritual missiologica. Devemos passar ao
presbitério da cidade. Onde os cinco (ou quatro) ministérios de Efésios 4 se
liberem para a igreja cumpra sua função de ministrar, não tão somente ao
rebanho, mas a cidade.
3. Um ministério apostólico que pastoreie aos pastores: A necessidade
número um dentro da igreja contemporânea são os pastores. Estão órfãos, estão
sem rumo, estão mal formados, estão necessitados de saúde emocional. Estão
necessitados de paternidade apostólica. Num tempo em que os apóstolos se
preocupam com a expansão do evangelho e o crescimento numérico da obra, é
indispensável servir no amadurecimento da liderança, em especial dos pastores.
4. Um ministério apostólico que encha as cidades com o
didaché:
O sumo sacerdote disse aos apóstolos: Dizendo: “Não vos admoestamos nós
expressamente que não ensinásseis nesse nome? E eis que enchestes Jerusalém
dessa vossa doutrina”. Os apóstolos responderam: “É necessário obedecer a Deus
antes do que aos homens” (At 5.27-29). Obedecer a Deus antes que aos homens
implicava encher a cidade da didaché. Quando o cristianismo produz uma mudança
cultural, uma mudança da cosmovisão nos mundo judeu e no mundo grego, uma das
tarefas essenciais dos apóstolos foi o ensinamento. Por isso os adversários
lhes ordenava que não ensinassem. Mas eles encheram a cidade com a doutrina.
Com a pós modernidade, se faz preciso neste momento de mudança cultural, nessa
mudança de cosmovisão, reforçar o ensino apostólico, isto é o ensino da
cosmovisão do Reino, por boca dos apóstolos, para que a gente saiba como viver.
E perseveravam na doutrina dos apóstolos (At 2:42). Não de pastores, mas de
apóstolos. Porque os pastores hoje não tem claro a didaché neotestamentária. É
necessário um forte reforço do ministério apostólico com o ensinamento.
5. Um ministério apostólico que mire a realidade desde os mais necessitados: Alegramo-nos com a consciência crescente na igreja de sua necessidade de exercer influência em todos os âmbitos da realidade incluindo o político. No entanto, atrás dessa mentalidade de conquista, e não de redenção, há muito de busca de poder, e pouca visão bíblica da política que começa, precisamente, vendo o político com os olhos das vítimas. Tão sensíveis como somos na America Latina ao tema dos direitos humanos, poucas são as vozes que se levantam para denunciar as perseguições e mortes que nossos irmãos sofrem no mundo islâmico. Permitam-me, diante do evangelho do show divertido, diante aos pseudo apóstolos da ostentação, honrar os irmãos que nestes dias estão sendo perseguidos em Ossira e outros lugares da terra. Se Deus tem visto a opressão de seu povo, que sejamos também capazes de ver. O mesmo em relação aos que sofrem injustiça, miséria marginalização. A condição sine qua non que os apóstolos impuseram a Paulo para reconhecê-lo como tal foi que não se esquecesse dos pobres (Gálatas 2.10). Quando vemos hoje a caricatura do ministério apostólico, que entre outras coisas tem mudado a condição sine qua non da atenção aos pobres aos que sofrem, por uma teologia da prosperidade, que ignora o sofrimento, é necessário um ministério apostólico que com urgência recupere essa visão bíblica, superando o assistencialismo e guiando processos de transformação social e promoção humana.
5. Um ministério apostólico que mire a realidade desde os mais necessitados: Alegramo-nos com a consciência crescente na igreja de sua necessidade de exercer influência em todos os âmbitos da realidade incluindo o político. No entanto, atrás dessa mentalidade de conquista, e não de redenção, há muito de busca de poder, e pouca visão bíblica da política que começa, precisamente, vendo o político com os olhos das vítimas. Tão sensíveis como somos na America Latina ao tema dos direitos humanos, poucas são as vozes que se levantam para denunciar as perseguições e mortes que nossos irmãos sofrem no mundo islâmico. Permitam-me, diante do evangelho do show divertido, diante aos pseudo apóstolos da ostentação, honrar os irmãos que nestes dias estão sendo perseguidos em Ossira e outros lugares da terra. Se Deus tem visto a opressão de seu povo, que sejamos também capazes de ver. O mesmo em relação aos que sofrem injustiça, miséria marginalização. A condição sine qua non que os apóstolos impuseram a Paulo para reconhecê-lo como tal foi que não se esquecesse dos pobres (Gálatas 2.10). Quando vemos hoje a caricatura do ministério apostólico, que entre outras coisas tem mudado a condição sine qua non da atenção aos pobres aos que sofrem, por uma teologia da prosperidade, que ignora o sofrimento, é necessário um ministério apostólico que com urgência recupere essa visão bíblica, superando o assistencialismo e guiando processos de transformação social e promoção humana.
6. Um ministério apostólico respaldado por sinais,
maravilhas e prodígios: No mundo da pós modernidade, onde a
verdade é absolutamente relativa, e a verdade do evangelho, é somente “nossa
verdade”, essa “nossa verdade” precisa o respaldo dos sinais e milagres.
Esperar que Deus respalde a palavra com sinais e milagres, de maneira tal que
seja manifesta a intervenção de Deus na história. O ensino apostólico e os
sinais apostólicos são duas colunas para a unidade dos pastores em uma cidade.
O ensino apostólico nivela e os sinais convocam e unem a liderança em uma
cidade: “e pela mãos dos apóstolos havia muitos sinais e prodígios no meio do
povo; e estavam todos unânimes no pórtico de Salomão” (At 5:12) O ensinamento e
os sinais caminham juntos. Rejeitamos a dicotomia entre ministérios docentes e
ministérios de poder. Nicodemos pode reconhecer a autenticidade do ensino de
Jesus pelo sinais que fazia: “Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus;
porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele”
(Jo 3:2)
7. Um ministério apostólico com um plano estratégico
para o mundo:
O ministério apostólico em uma cidade estabelece o Presbitério da cidade:
“estabelecesses anciãos em cada cidade como te mandei” (Tt 1:5). E o
presbitério da cidade, por sua vez, reconhece o ministério apostólico emanado
dessa cidade: “E na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e
doutores, a saber: Barnabé e Simeão chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém,
que fora criado com Herodes o tetrarca, e Saulo. E, servindo eles ao Senhor, e
jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a
que os tenho chamado. Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos, os
despediram” (At 13:1-3). O Presbitério da cidade, inspirado por seus apóstolos,
estabelecem um plano para a cidade. Por sua vez, os ministérios apostólicos
reconhecidos do mundo, devem reunir-se não somente para compartilhar, mas
também para receber revelação para um plano estratégico para o mundo, que seja
eficiente para alcançar a cultura presente. Nesta apresentação, vimos as
características negativas dessa realidade, mas a cultura da pós modernidade,
também oferece oportunidades extraordinária para a extensão do evangelho.
8. Um ministério apostólico em permanente busca do
Espírito:
Todos os que estamos aqui, fomos formados na cultura da modernidade, mas
devemos ministrar na cultura da pós modernidade. Todos os que estamos aqui
nascemos na etapa do Protestantismo Pentecostal-Carismático, mas somos
testemunhas de um Protestantismo de Ficção que devemos mudar. Todos que estamos
aqui fomos formados para liderar uma congregação “local”, porém logo
descobrimos que a ênfase bíblica de que a localidade não é paróquia do templo,
mas a cidade. Todos os que estamos aqui fomos formados para defender os
princípio e interesses denominacionais, muitas vezes, contra outros, porém hoje
Deus nos empurra para sermos agentes ativos para a unidade da igreja na cidade.
Todos os que estamos aqui fomos chamados para pastorear ovelhas, mas logo nos
vimos pastoreando pastores. Todos os que estamos aqui fomos chamados para ser
pastores, mas agora há uma demanda para uma tarefa apostólica. Isto é, em
questão de poucos anos o mapa de nosso ministério foi mudado. Estamos em uma
esquina de nosso ministério, envolvidos em um processo de mudanças para as
quais não fomos preparados, ministrando em uma sociedade que também está
experimentando esse momento de esquina cultural, com câmbios inusitados. Todos
os que estamos aqui necessitamos ser expressão do poder e da sabedoria de Deus
por meio do ensino e dos sinais apostólicos, de maneira tal que cause impacto a
realidade atual. É mais que óbvio, nossa debilidade, nossa incapacidade, nossa
limitação. Mas é a grande oportunidade, se nos mostramos débeis, incapazes,
limitados e vulneráveis, para que Seu poder se aperfeiçoe em nossa debilidade.
Por isso se faz indispensável uma busca cada vez maior e desesperada de Seu
Santo Espírito. Os apóstolos, colunas (styloi) da igreja, coluna (stylo) da
verdade, necessitamos uma unção renovada do Espírito Santo para esse tempo.
Diante de nós temos um tempo maravilhoso, o melhor tempo de nosso ministério.
Veremos uma igreja madura, sadia, sem manchas e sem rugas, unida. Uma igreja
que refletirá a cultura do Reino, e em amor e serviço implantará esse Reino em
um mundo necessitado de Deus. Mantenhamo-nos unidos, dependentes do Espírito, e
expectantes, porque inevitavelmente a terra será será cheia da glória de Deus,
como as águas cobrem o mar.
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