Edward Lee Thorndike foi um dos primeiros psicólogos americanos a receber toda a formação educacional nos Estados Unidos. Um fato importante foi ele ter realizado os estudos de pós-graduação nos Estados Unidos e não na Alemanha, apenas duas décadas depois da fundação formal da psicologia. O seu interesse na psicologia foi despertado, assim como o de vários outros colegas, pela leitura da obra The principles psychology, de William James, quando ainda era estudante de graduação na Wesleyan University, em Middletown, Connecticut. Mais tarde, Thorndike estudou sob a orientação de James, em Harvard, e começou a pesquisar sobre a aprendizagem.
Ele planejava conduzir suas pesquisas utilizando crianças como sujeitos, o que estava proibido. A administração da universidade ainda sofria as consequências de um escândalo envolvendo um antropólogo acusado de afrouxar as roupas das crianças para tomar as medidas do corpo. Ao constatar que não poderia realizar experiências com as crianças, resolveu usar pintinhos, talvez inspirado nas aulas em que Morgan descrevia a sua pesquisa com esses animais.
Thorndike improvisou labirintos usando alguns livros e ensinou os pintinhos a percorrerem os caminhos. Com dificuldades para achar um o lugar para guardar os pintinhos, já que a proprietária do imóvel em que morava não permitia que mantivesse os animais no seu quarto, ele pediu ajuda a Wiliam James, o qual não conseguindo arrumar um lugar no laboratório nem no museu da universidade, resolveu acolher Thorndike e os pintinhos no porão da sua casa, para alegria de seus filhos.
Thorndike não chegou a completar os estudos em Harvard. Desiludido por não ser correspondido por uma jovem, resolvei afastar-se da região de Boston e matriculou-se no curso de James Mckeen Cattell, na Columbia University. Quando Cattell lhe ofereceu uma bolsa de estudos, Thorndike seguiu para Nova York, levando consigo os dois pintinhos bem treinados. Prosseguiu nas pesquisas com animais na Columbia, trabalhando com gatos de cachorros, usando caixas-problema que ele mesmo havia projetado. Em 1898, recebeu o título de Ph.D., apresentando a dissertação Animal Inteligence: na experimental study of the associative processes in animals (Inteligência Animal: Um Estudo Experimental dos Processos Associativos nos Animais), publicado com destaque na Psychological Review por ser a primeira tese de doutorado a utilizar animais como sujeito de pesquisa. Posteriormente, Thorndike publicou várias pesquisas a respeito da aprendizagem associativa, envolvendo pintinhos, peixes, gatos e macacos.
Extremamente ambicioso e competitivo, Thorndike escreveu a sua noiva, dizendo “Decidi chegar ao topo da psicologia em cinco anos, lecionar durante dez e, então, abandonar a área”. Ele não permaneceu na psicologia animal por muito tempo. Reconhecia não ser essa área de seu principal interesse, mas manteve-se nela exclusivamente para completar a graduação e criar certa reputação. A psicologia animal não era o melhor campo para uma pessoa com tamanha vontade de alcançar o sucesso. Além disso, como já verificamos anteriormente, as áreas aplicadas ofereciam muito mais oportunidades de emprego do que a pesquisa com animais.
Thorndike tornou-se orientador de psicologia na Techers College da Columbia University. Ali estudou os problemas de aprendizagem os seres humanos, adaptando as técnicas de pesquisas com os animais para crianças e jovens. Passou a dedicar-se a outras duas áreas: a psicologia educacional e os testes mentais e ainda escreveu diversos livros didáticos, fundando, em 1910, a Journal of Educational Psychology.
Atingiu o topo da psicologia em 1912, quando foi eleito presidente da APA. Os direitos autorais dos testes e livros didáticos lhe renderam uma fortuna; por volta de 1924 ele perfazia uma recita anual de aproximada de 70 mil dólares, soma substancial para época.
Os 50 anos em que permaneceu na Columbia estão entre os mais produtivos registrados na história da psicologia. Na relação da sua bibliografia constam 507 itens. Apesar de aposentar-se em 1939, trabalhou até morrer, 10 anos depois.
Thorndike, um dos principais pesquisadores para o desenvolvimento da psicologia animal, elaborou uma teoria da aprendizagem objetiva e mecanicista com enfoque no comportamento manifesto. Thorndike acredita que o psicólogo devia estudar o comportamento, não os elementos mentais ou a experiência consciente, e assim reforçava a tendência rumo à maior objetividade iniciada pelos funcionalistas, Não interpretava a aprendizagem do ponto de vista subjetivo, mas em termos de conexões concretas entre o estímulo e a resposta, embora não admitisse qualquer referência à consciência e aos processos mentais. Os trabalhos de Thorndike e de Ivan Pavlov são outro exemplo de descobertas simultâneas independentes. Thorndike desenvolveu a lei do efeito em 1898, e Pavlov apresentou uma proposta semelhante, a lei do reforço, em 1902.